sábado, 26 de fevereiro de 2011

AS SETE CIDADES

A Lagoa das Sete Cidades, como muitas coisas por este mundo, também tem uma lenda.

E esta é uma lenda contada com poesia que nos fala de um reino encantado cujos reis tinham uma linda e encantadora filha de olhos azuis,  Antília, de seu nome. Esta princesa, que não gostava muito da vida do palácio, das aias e damas de companhia, dos protocolos reais, quase todos os dias passava as muralhas do castelo e ia passear pelos campos das cercanias. 

Adorava o verde, as flores, o canto dos pássaros e sentava-se num cabeço a ver o mar azul ali ao lado.

Durante um dos seus passeios deixou-se seduzir pelo som de uma flauta, foi atrás dele e deu de caras com um jovem pastor que vinha dos pastos, com o seu rebanho. Ela achou-o lindo, com uns olhos verdes e enormes. Conversaram muito e combinaram encontro para o dia seguinte e depois para o outro, e mais outro e outro ainda. Destes encontros, quase clandestinos, nasceu um grande amor, um amor jurado de amores eternos. 

Mas, como quase todas as princesas que viviam em palácios e castelos, os pais já lhe tinham tratado do destino e combinado casamento com um príncipe de um reino vizinho. E quando o rei soube dos encontros clandestinos da filha tratou de arrumar a questão. Proibiu mais encontros mas, como era muito amigo da filha, concedeu-lhe a oportunidade de um derradeiro encontro para a despedida.
Quando os dois apaixonados se encontraram pela última vez choraram, e choraram tanto que das lágrimas caídas se foram formando duas lagoas. Uma das lagoas, com águas de cor azul, nasceu das lágrimas vindas dos olhos azuis da princesa. A outra, com água de cor verde, foi feita das lágrimas da cor dos olhos verdes do pastor.

Foi mesmo um derradeiro encontro. Os apaixonados nunca mais se viram, perdendo-se a oportunidade de ficarem juntos para sempre. Mas, se não ficaram juntos, ligadas ficaram as águas das duas lagoas, juntas para sempre, uma azul e a outra verde, sem mistura das águas, a perpetuarem as lágrimas de cada um.


(Açores - São Miguel - Lagoa das Sete Cidades - 2008)
O final não foi, de facto, o mais feliz, não houve casamento, nem muitos filhos, e nem viveram para sempre felizes.

Apenas ficaram as lágrimas feitas lagoas, ficaram as cores, e ficou, sobretudo, a paisagem magnífica e única do miradouro do Rei.

6 comentários:

Anónimo disse...

A belíssima lenda que hoje nos ofereceu, faz-me sempre chorar.Não tanto pela história,que é muito triste,mas pelo local.Há muitos anos que tenho laços profundíssimos com a Ilha de S. Miguel.A nostalgia,as flores as pessoas...e o Mar,principalmente...

Anónimo disse...

Não é o fim mais desejado, mas, infelizmente, é o mais comum: - Lágrimas!!
Ler este texto, humedeceu-me o olhar, trouxe-me a saudade da Ilha de São Miguel!!

Anónimo disse...

Muito gostam os portugueses de saudade, lágrimas, fado. Cultiva-se a tristeza, com tantas coisas boas que a Vida tem à nossa mão.Rever a Lagoa é sempre um prazer.

Anónimo disse...

Linda a história, nem sempre as histórias têm um final feliz, linda a foto e maravilhosa a Lagoa das Sete Cidades! Dá vontade de lá voltar...

Anónimo disse...

A Lagoa é das mais bonitas que conheço.Aquelas flores azuladas tapam a visão.e é pena.

Anónimo disse...

Não acho triste, acho linda!!!
Uma estória assim só poderia ter um final destes,melancólico, faz-nos pensar, que só amor por si só é belo e eterno, enquanto dure, já dizia o Poeta.
Beatriz Morcego