Vasco Graça Moura, recentemente empossado presidente do Centro Cultural de Belém (CCB), deu ordem aos serviços do CCB para não aplicarem o Acordo Ortográfico (AO).
Este linguista, escritor e tradutor, tem sido um dos intelectuais portugueses que mais se tem batido contra a aplicação do acordo.
Assim, e com o acordo e apoio unânimes da nova administração do CCB, os conversores informáticos, que faziam a "tradução" automática do português tradicional para o português do AO, foram desinstalados.
É a polémica da introdução do AO a voltar ao de cima: um AO que foi metido "à pressa" pela anterior legislatura, sem acordo final e assinatura de todos os países de língua portuguesa, sem a elaboração de um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa e, ainda, porque, segundo a opinião de alguns, "viola os artigos da Constituição que protegem a língua portuguesa, não apenas como factor de identidade nacional mas também enquanto valor cultural em si mesmo".
A Casa da Música, no Porto, essa, nunca chegou a permitir a entrada do AO dentro das suas portas. Também um grupo de deputados da Assembleia da República elaborou um documento dirigido ao Governo a perguntar se "de imediato encara a possibilidade de suspender a aplicação do AO em Portugal".
Dou o meu total apoio! Não só porque a decisão da obrigatoriedade, em particular nas escolas, foi meramente política - mais um devaneio socrático e da maioria de então -, ignorando pareceres científicos e de organizações idóneas, quer no campo da investigação quer da análise linguística, optando, nas palavras do professor Luís Lobo, "por um brutal empobrecimento da língua portuguesa, ao não respeitar a origem etimológica dos seus vocábulos, a sua extraordinária e única sonoridade e a própria estética da escrita?".
A riqueza de uma língua assenta, essencialmente, na sua diversidade e na sua universalidade, no facto de cada país saber adaptar a escrita às suas tradições, à sua sonoridade, à sua linguagem.
Por isso me entendo tão bem com os meus amigos brasileiros, como com os cabo-verdianos, ou moçambicanos ou goeses... sem outros acordos ou entendimentos que os da universalidade, diversidade e riqueza da língua portuguesa.
2 comentários:
Apoio o Dr. Vasco Graça Moura a mil por cento!! Maldito acordo, maldita gente que (des)governa o Portugal de Camões!
Beijos
Berta
Embora não goste do gajo estou de acordo com ele sobre o AO
Filipe Rodrigues
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