Fora muitas vezes à caça dos Gambozinos.
Mais miúdo ficara algumas horas, noite escura, diante da sebe de piracantas, de saco de serapilheira na mão, bem aberto, à espera que um gambozino lhe entrasse no saco, na sua saída da toca. Nunca apanhou nenhum e, só mais tarde, depois de muitas caçadas inglórias, é que soube da realidade da caçada aos gambozinos.
"Gambozinos ao saco" era a palavra de ordem! E lá ficavam, os mais novos, quietinhos, cheios de medo, à espera que um gambozino lhe entrasse pelo saco dentro. E não podiam dar parte fraca...
Depois inverteram-se os papéis e foi ele a induzir os mais novos na iniciação da caçada.
Nunca se apanhou um, sequer! Mas, descrições havia muitas, desde os que diziam que eram parecidos com um grilo ou um pirilampo, outros que afirmavam serem como um ouriço, com picos e tudo, outros ainda que diziam serem cheios de pelo e terem orelhas enormes...
A caça aos Gambozinos fazia-se só de noite, principalmente no verão, na altura das férias, não precisava de qualquer licença ou autorização, só a dos pais que colaboravam no emprestar dos sacos de serapilheira e das lanternas para alumiar o caminho até ao local onde ficavam os iniciados à espera do "bicho". A caçada não precisava de muitos preparativos, bastava que houvesse uma família ou um grupo de famílias conhecidas, com muitos miúdos, primos e irmãos mais velhos, que organizavam a caçada, e um grupo de miúdos que ficavam excitadíssimos com a perspectiva da saída nocturna, com os mais velhos e sem a vigilância dos pais... uma forma de iniciação na vida da noite, uma espécie de praxe de caloiros na escola do crescimento.
(do Google images) |
Não sabe se ainda se organizam muitas caçadas, se os mais novos sabem o que são estes seres ideais e imaginários.
O que sabe é que as famílias são cada vez mais pequenas, que, cada vez, há menos nascimentos e os pais já não não dão tanta liberdade aos filhos mais pequenos porque os perigos da noite são muito mais reais que os dos ditos gambozinos; também os mais velhos já não devem ter paciência para sacos de serapilheira e lanternas... preferem, quase de certeza, as tocas das discotecas onde convivem e se divertem e sempre podem contar com a aventura de alguém que apanhou uma ganza ou uma gambozina!
O que sabe é que as famílias são cada vez mais pequenas, que, cada vez, há menos nascimentos e os pais já não não dão tanta liberdade aos filhos mais pequenos porque os perigos da noite são muito mais reais que os dos ditos gambozinos; também os mais velhos já não devem ter paciência para sacos de serapilheira e lanternas... preferem, quase de certeza, as tocas das discotecas onde convivem e se divertem e sempre podem contar com a aventura de alguém que apanhou uma ganza ou uma gambozina!
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