Hoje estava como um camaleão!
Não porque tivesse a capacidade da mímica ou do disfarce - o Carnaval ainda vem longe e também não haverá tolerância de ponto para se disfarçar -, ou porque conseguisse alcançar a comida com a ponta língua, mas porque, quase, só podia mexer os olhos.
Começou o dia por sentir uma impressão no pescoço, como se tivesse agulhas muito finas a espetarem-se ao menor movimento, agulhas suportáveis, é certo, do tipo das da acupunctura, depois foi o aparecimento de um ranger dos músculos daquela zona, como se fosse o das velhas botas de couro quando se esquece de as ensebar, até que, finalmente, a rigidez e a dor se instalaram, de tal maneira, que quase imobilizaram os movimentos do pescoço. Como se lhe tivessem colocado um daqueles colares que usam os traumatizados da coluna cervical: cabeça direita, imóvel, a olhar em frente, num bloco rígido da cabeça e do tronco.
Foi tomando analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares, fizeram-lhe massagens, aplicaram-lhe cremes e gel mas, nada! Aquele pescoço resolveu teimosar, emburrou, e não quis ceder!
Passou o resto do dia a olhar em frente, sem olhar ao que se passava ao lado, numa atitude quase de sobranceria, como se tivesse um rei na barriga!
2 comentários:
Se o rei fosse o de paus, estava tudo explicado! mas, não se arme em importante porque só deve mesmo ter um proletário torcicolo...
Beijos
Berta
Então deve haver por aí uma epidemia.
Não chegou a ser tão forte assim, mas cá em casa andou um vestígio de torcicolo nos pescoços airosos.
Beijo
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