quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

MATRAQUILHOS

Gostava mais de jogar à defesa, com o guarda-redes e os dois "backs". Só por azar é que deixava entrar uma bola na sua baliza e tinha um jeito especial para marcar golos directos, na baliza do adversário, dali detrás.

A bola parada com os calcanhares do boneco, o levantar dos pés, o trejeito de mão a fazer deslizar suave e rapidamente a barra de ferro e, quase no mesmo instante, numa fracção de nada, o remate fatal! 

Descobria, quase sempre, uma nesga por onde a bola iria passar, fazendo um ricochete de nada no avançado lateral e, numa fracção do mesmo segundo, o TOC seco da bola a bater no fundo da baliza.



Às vezes, lá calhava, mas só raramente, fazer quase um auto-golo! Geralmente acontecia com as velhas bolas de madeira, já com algumas mossas e um rolar ondulante... A bola saía do alinhamento e, em vez de fazer tabela na face lateral do pé do adversário, acertava na ponta da bota e o ricochete atirava-a para dentro da própria baliza.

E o guarda-redes sempre a andar de um lado para o outro, de pés virados para a frente, com um dos defesas a fazer linha com a bola para cobrir bem a baliza... E só entravam, mesmo, as bolas que não tinham defesa!

Não resistiu a um joguinho... os cinquenta centavos (os cinco tostões) de então são agora cinquenta cêntimos... as dez bolas reduziram-se para cinco e a habilidade e a destreza da altura, empancaram numas mãos pêrras e já quase sem jeito que quase não atinavam com os pés dos bonecos na bola, agora de material sintético, muito mais solta e rápida...

A partida foi de curta duração mas, em contrapartida, os golos foram muitos, os frangos maiores que o do almoço, e os gritos, os impropérios e os lamentos, foram muitos e arrasadores, mas a diversão foi total!

E o fracasso da derrota transformou-se num momento de vitória e de boa disposição.

 

1 comentário:

Anónimo disse...

A única vez que tentei jogar matrecos, fiquei com as mãos cheias de óleo! Há coisas que são só para homens...(Perdão pela minha pouca adaptação à dita correcção social)
Beijos
Berta