sábado, 14 de julho de 2012

VENDE-SE

Nem soube bem o que lhe chamou mais a atenção, se o "VENDE-SE" escrito em maiúsculas grandes, de cor azul, na parede branca sem janelas daquela casa, se o "graffiti"  criativo que preenchia a fachada de todo o prédio ao lado.

Um chamou-lhe a atenção pela pluralidade e frequência com que o "VENDE-SE", agora, se vê por todo o lado seja, assim, escrito nas paredes de uma casa ou de um muro, seja em cartazes pendurados nas janelas, geralmente associados ao nome de uma firma de compra, venda e arrendamento de imóveis ou, então, um simples papel branco com um VENDE ou TRATA e um número de telefone, por baixo, apostado por detrás do vidro de uma janela. Tudo isto é, certamente, fruto destes tempos de crise geral.

O outro despertou-lhe o interesse pela originalidade e qualidade do desenho pintado em toda a superfície do prédio. Uma casa comercial com o negócio a parar-se cada vez mais, as vendas a anularem-se e com poucas perspectivas de melhorar o negócio. Também isto, certamente, fruto destes tempos de crise que toca a todos, ou a quase todos.

(DO AUTOR - PONTA DELGADA - ILHA DE SÃO MIGUEL - AÇORES)
Enquanto uns, para resolverem o problema, não encontram outra solução que entregarem o bem a um outro que trata de vender ou arrendar, dentro de valores pré-estabelecidos, e condicionados pelo mercado da altura, outros, vão imaginando e descobrindo maneiras originais e ardilosas de não perderem o negócio e despertarem o interesse de potenciais clientes: as pessoas que passam param, olham, tiram fotografias, interrogam-se sobre o significado de tal desenho,  e vão entrando pela porta aberta, movidos por uma curiosidade quase infantil.

Ambos vendem, ou tentam vender: mas, enquanto uns escarrapacham o VENDE-SE, sem mais nada,  numa parede branca, e ficam à espera que alguém diga alguma coisa, outros, sem colocarem o VENDE-SE em lado nenhum, vão enchendo a loja de curiosos e vendendo, de forma regular, os seus produtos, e a tornarem o negócio num sucesso. 

Uns a fazer pela vida, outros a deixar que a vida lhes aconteça... 

1 comentário:

MJ FALCÃO disse...

O mais bonito é a pintura "graffiti": boa, mesmo. O triste é o cartaz "VENDE-SE": o estar tudo à venda pelo país...
Abraço