sábado, 27 de abril de 2013

Ó LUA QUE VAIS TÃO ALTA


Ó Lua que vais tão alta...


É assim que começam algumas das quadras populares sobre a Lua, cheia ou vazia, crescente ou minguante...

E ontem foi dia de Lua Cheia...

Ó lua que vais tão alta,
redonda que nem um tamanco.
Ó Maria traz cá a escada,
que eu não chego lá c'o banco.

Ó lua que vais tão alto
Alumia cá pr'a baixo
Tenho meu amor à espera
Às escuras não o acho.

Ó lua que vais tão alto
Por essas serras além
Leva-me ao céu onde tenho
A alma da minha mãe.

Ó lua que vais tão alta
esbelta como um chaparro
Esses teus olhos, menina,
são como as rodas dum carro.

Ó Lua que alumias
Lá no mar, os pescadores
Alumia-me, também,
Para ver os meus amores.

A mulher quando se junta,
A falar da vida alheia,
Começa na Lua Nova
Acaba na Lua Cheia.

Ó lua que vais tão alta,
carregada de manchinhas,
és a figura homoteta
da careca do Bolinhas.
(esta quadra cantávamos no Liceu de Camões ao nosso professor de Matemática que tinha uma careca como se fosse uma Lua cheia).

Do cancioneiro açoriano:

Nos altos céus vai a Lua
Brilhando em seu esplendor,
Passam-se as horas da noite
E tu não vens, meu amor! (Ilha das Flores)

Oh! Que lindo luar faz
Para irmos às maçãs,
Na rua da Formosura,
Onde estão as três irmãs. (Ilha de São Jorge)

Oh! Que lua tão clara!
Vem cá meu amor, vem ver:
Não há Sol que chegue à Lua,
Nem ao nosso bem-querer. (Ilha de St.ª Maria)

Olha a Lua enfarinhada,
Lua cheia redondinha.
É como a nossa moleira,
Toda suja de farinha. (Ilha de São Miguel)

Vai ver se a Lua saiu,
Ou se está p'ra sair,
Que o meu bem foi-se embora
E eu também me quero ir. (Ilha de São Miguel)

Ó Lua da madrugada
Não venhas cá, ao serão;
Quem vai ver o seu amor,
Quer escuro, Lua não. (Ilha de São Jorge)

E do autor:

O Luar bem devagar
entrou no quarto... acordou-me,
Disse-me do teu olhar,
Do teu sorriso, falou-me.

O brilho do teu olhar
corou de admiração
Ficou vermelho, o luar,
da cor do meu coração.

A luz do Luar que diria,
se falasse à minha dor:
Esta palavra, Maria,
O nome do meu amor!

O luar brando, brandinho,
entrou no quarto e falou-me:
Pôs-se a dizer-me baixinho
A doçura do teu nome.


(DO AUTOR - A LUA NA SUA PLENITUDE)















4 comentários:

Anónimo disse...

Bravo!
Ana Hertz

Anónimo disse...

Maravilhosas mas a terceira toca-me. Porque será que só damos valor as coisas quando as perdemos?
A vida tem destas coisas.
Beijinhos ao autor deste blogue.
Esmeralda

Anónimo disse...

Maravilhoso blogue.
Parabéns ao autor.
Maria De Lourdes Silva

Moniz Barreto disse...

Só hoje li, e também me perdi no luar...
Abraço açoreano do Moniz Barreto