sábado, 27 de fevereiro de 2010

VENTANIA

A estrutura abana, o vento sibila gritante, com sonoridades muito fortes, como roncos de um Adamastor a despertar, assustador e medonho. A chuva, acelerada por este vento possante, bate com força no rosto, castiga o corpo, ensopa as pernas e os pés mal protegidos.
Na paragem do autocarro vai esperando, com a mala de viagem a seu lado, o BUS que tarda. Não há um canto onde se abrigar e não tem outro remédio se não aguentar, estoicamente, a ventania que o envolve. Mas a expectativa de uma jornada diferente anima-o, desperta-lhe um sorrir mal disfarçado nos lábios.
Por vezes também é assim na vida: temos de aguentar, com coragem e com determinação, as intempéries do dia a dia, as agruras das pessoas, os derrotes... mas temos, também, de saber olhar em frente e deixar, sempre, que o sorriso do viver nunca nos abandone.

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