domingo, 30 de setembro de 2012

QUASE UM POEMA DE AMOR





(DO AUTOR - VARIAÇÕES SOBRE ÁGUA - AÇORES - SÃO MIGUEL - FURNAS - 2006)



"Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.

Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
- Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor."

Miguel Torga, in Diário V, Quase um poema de amor.


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1 comentário:

Manuel Poppe disse...

Poema muito bonito, ilustração magnífica! Um abraço!