É aquela tecla no lado direito em cima do teclado do computador.
Tem a função de apagar o que se fez, o que se escreveu, o que se gravou na memória...
Selecciona-se o que se quer apagar, carrega-se na tecla e já está! Num instante, num ápice, numa fracção de segundo apaga-se, "deleta-se", o que não se quer mais.
E, uma vez apagado, apagou! Deixa de ter reminiscências, de haver saudosismo, de haver aquele voltar atrás...
Claro que há sempre uma solução de reaver o apagado: é só ir ao cestinho que costuma estar no lado inferior esquerdo do écran do computador, e que se chama "Reciclagem", e voltar a pôr tudo como estava. É bom para aqueles casos em que se apaga uma coisa que não era para apagar e, assim, se pode recuperar o documento eliminado.
Às vezes apetecia ter uma tecla dessas na nossa vida. Apagavam-se os momentos maus, as chatices, as pessoas que nos incomodam, os dias feios, a solidão, a miséria...
Mas nunca seria igual à tecla do computador. É que este, o computador, não tem sentimentos, não tem saudades, não tem arrependimentos, são só informações, binários de 0 e 1 arrumados, e nada mais. O computador não grita de raiva, não chora de saudades, não ri de alegria, não sorri com ironia e nem, sequer, opina.
Se eu tivesse uma tecla de "Delete", tinha que ter, ali ao lado, o ícone da "Reciclagem" porque não ia querer tornar definitiva a minha vida, não queria dizer "nunca mais" e, um dia, ao arrepender-me, ao reconhecer que não estava certo, ou que aquela não era a melhor solução, ao arrepiar caminho, já nada poder fazer.
Ainda bem que não sou só 0 e 1, que não sou uma sequência binária do tipo 0001011101100101101010010001101, mas antes uma sequência genética, feita de uma parte que herdei e de outra que se foi e vai moldando com o correr da vida.
Os "vira-casacas", esses, é que nunca irão precisar de uma tecla "Delete", nem da "Reciclagem". Para eles basta-lhes uma outra tecla que se chama "Reverse".