quinta-feira, 30 de junho de 2011

PESO PESADO

Têm vindo a emagrecer, semana a semana, umas vezes mais, outras menos mas, ao fim de uns meses, a transformação é evidente. Estão mais magros, mais elegantes e, nitidamente, mais contentes  com eles mesmos.

Passa na SIC: é um concurso daqueles que quem mais ganha é quem mais perde - peso, entenda-se!

Também se podia organizar um concurso deste tipo entre os países com mais gordura de estado. Punham-se os representantes de cada país numa quinta e, cada um, ia pondo em prática as medidas que se tinham comprometido a tomar perante o eleitorado.

Semana a semana seriam pesados e ia-se sabendo das greves que tinham acontecido, dos conflitos sociais, dos aumentos de impostos, dos cortes salariais, das taxas moderadoras, do fim do subsídio de Natal, dos desinvestimentos...

Ao país que mais conseguisse reduzir a gordura e o deficit, com menos sacrifícios da população, com menos impostos e menos cortes salariais, com mais produtividade e com mais exportações, a taxa de juro da dívida seria diminuída, cada semana, de um ponto percentual. Isto, ao fim de umas semanas, seria mesmo bom!

No concurso da SIC os que perdem mais peso, os que ganham, são os que mais se aplicam nos exercícios, os que mais cortam nas calorias, os mais determinados.

Pela amostra como decorreu hoje, na Assembleia da República, a discussão do Orçamento de Estado, pelo discurso feito pelo Primeiro Ministro, pelo modo como o Ministro das Finanças se defendeu das "farpas" dos opositores, de certeza que sei quem ganharia aquele concurso, de imaginação...


quarta-feira, 29 de junho de 2011

LEVE, LEVÍSSIMA

Sentia-se mais leve, muito mais leve, como se lhe tivessem tirado de cima catedrais de aborrecimento, como se o capacete negro de uma tempestade se tivesse soltado da fivela que o amarrava à sua cabeça, como se as garras de um açor se descravassem do seu cérebro...

A angústia daquela dor, aquela cefaleia medonha, aquele martelar constante na sua cabeça, a agressão gratuita daquela companhia malévola,  parece que terminou.

Aquele comprimido milagroso, aquela pastilha amarela tinha-lhe, finalmente, dado cabo da cefaleia, da enxaqueca horrível que a atormentava há mais de um tempo danado, daquele mal que não sabia como se livrar.

Teria sido só do comprimido ou também daquele "champagne" de bolha fina, leve, levíssima, que brindara com ele naquela noite, naquele jantar, a dois, à luz das velas?



terça-feira, 28 de junho de 2011

MEMÓRIAS

"A memória longínqua de uma pátria
Eterna mas perdida e não sabemos
Se é passado ou futuro onde a perdemos".

Sophia de Mello Breyner Andresen - Obra Poética - No Tempo Dividido - Poemas de Um Livro Destruído - Ed. Caminho.

Tão real, tão actual, tão presente, tão hoje, tão agora...

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O POETA

"O poeta é igual ao jardim das estátuas
Ao perfume do Verão que se perde no vento
Veio sem que os outros nunca o vissem
E as suas palavras devoraram o tempo."

Sophia de Mello Breyner Andresen - in Obra Poética - No Tempo Dividido - Ed. Caminho.

domingo, 26 de junho de 2011

CAMINHO DE FERRO

"Mas nesse momento um apito lindo que me deixou todo arrepiado ecoou na entrada da Estação. Era o Mangaratiba. Violento, orgulhoso, dono de todos os trilhos. Passou voando, chacoalhando os vagões naquela lindeza toda. As pessoas das janelinhas olhavam para fora. Todo o mundo que viajava era feliz. Quando era criança gostava de ficar vendo o Mangaratiba passar e dar adeus que não acabava mais. Adeus até o trem sumir no fim da linha."

(O Meu Pé de Laranja Lima - Segunda parte - Capítulo quinto: Suave e estranho pedido - de José Mauro de Vasconcelos)


("Train - voyageurs quittant Sendas pour Tua", foto tirada em 9 de Março de 1975.- J. L. Rochaix) 

Saiu hoje nos jornais o anúncio que vão encerrar, por força das decisões da Troika, cerca de 800 Km de linha férrea no norte e no interior de Portugal.

Faz pena! É mais uma coisa que desaparece, pelo menos temporariamente. Mas como com os homens nada é definitivo, há sempre a esperança que, qualquer dia, ou dentro de alguns anos, cheguem à conclusão que o transporte de pessoas e de mercadorias pelo caminho de ferro é mais económico e menos poluente que o transporte rodoviário.

É tudo uma questão de boa gestão, de melhor transparência, de melhores incentivos e de imaginação!

(Linha do Douro - Estação de Tua - imagem do Google)

É que o comboio, o caminho de ferro, também pode ser um meio de promoção turística e de fazer chegar pessoas a zonas históricas, a regiões vinícolas, ou de paisagens únicas, criando rotas, originando riqueza em zonas, precisamente, mais carenciadas.

As linhas estão lá, o material circulante também, as estações continuam, os trabalhadores querem trabalhar, e Portugal tem que se virar, cada vez mais, para o turismo de qualidade.

Porque é que, em vez de fechar, não se pensa nesta ou noutra solução?

O caminho de ferro é o melhor meio de transporte em qualquer país desenvolvido ou em vias disso, seja na Europa, na América, na Índia, na China...

Mas é, também, uma forma lúdica de levar as pessoas a conhecer novas terras, outras paisagens, outros caminhos...

É que a riqueza de um país não se faz só fechando, destruindo ou fazendo novo por cima do antigo. A riqueza de um país é feita, também, da sua história, dos seus valores e das suas pessoas.

sábado, 25 de junho de 2011

VENTOiNHA

O dia quente não o deixava mexer-se, o calor excessivo fazia-o suar abundantemente, qualquer tarefa era penosa demais, até o pensamento, o cérebro, parecia que tinham ficado adormecidos e não queriam acordar.

Deixou-se ficar recostado naquele recanto mais sombrio, de olho aberto ou a fechar-se, consoante os movimentos e os barulhos do exterior, a suar e a pensar o jeitão que não faria, naquela altura, uma daquelas ventoinhas de tecto a girar num compasso certo e a fazer-lhe chegar uma brisa constante que lhe fosse arrefecendo o corpo suado.

Mas era só mesmo pensar, imaginar... É que, naquele ermo, naquele deserto longe de tudo, a única brisa que fazia era a do jornal velho, de notícias há muito gastas, que ia abanando, de tempos a tempos...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

SÃO JOÃO

"- Você dobra aqui. Agora corta com a faca o papel bem na dobra.
O ruído macio do gume da faca dividindo o papel.
- Agora cole bem de fininho deixando essa margem. Assim.
Eu estava ao lado de Totoca aprendendo a fazer um balão. Depois de tudo colado, Totoca prendeu o balão pelo bico de cima, com um pregador de roupa, no varal.
- Só depois de bem seco que a gente faz a boca. Aprendeu, seu burrinho?
- Aprendi."

(O Meu Pé De Laranja Lima - 2.ª parte - capítulo 4.º: Duas surras memoráveis - de José Mauro de Vasconcelos).

Não há São João sem balão. 

(fotografia do Google - Imagens)
Melhor, não havia. É que, agora, com o risco de incêndios, torna-se perigoso e é mesmo proibido(!) o seu lançamento.

Mas, com balão ou sem balão, o São João é no Porto, na Ribeira, com o alho porro, com os martelinhos, com as Cascatas, com as sardinhas, com o manjerico, com as rusgas, com a alegria, com a música, com as quadras, com as danças...

E, também, no coração e nos ouvidos de todos está o


"OLHÓ BALÃO" 

de Beatriz Costa e Vasco Santana no filme "A Canção de Lisboa"

Olha o balão, na noite de São João
Para poder dançar bastante com quem tenho à minha espera
Ó-i-ó-ai, pedi licença ao meu Pai, e corri com o meu estudante
Que ficou como uma fera
Ó-i-ó-ai, fui comprar um manjerico
Ó-i-ó-ai, vou daqui pró bailarico
E tenho um gaiato aqui dependurado,
Que é mesmo o retrato do meu namorado
E tenho um gaiato aqui dependurado,
Que é mesmo o retrato do meu namorado
Toca o fungagá, toca o Sol e Dó,
Vamos lá, nesta marcha a um fulambó
Toca o fungagá, toca o Sol e Dó,
Vamos lá, nesta marcha a um fulambó
Olha o balão, na noite de São João,
Para não andar maçado da pequena me livrei
Ó-i-ó-ai, não sei com quem ela vai, cá para mim estou governado
Com uma outra que eu cá sei
Ó-i-ó-ai, fui comprar um manjerico
Ó-i-ó-ai, vou daqui pró bailarico
Tenho uma gaiata aqui dependurada
Que tem mesmo a lata, lá da namorada
Tenho uma gaiata aqui dependurada
Que tem mesmo a lata, lá da namorada
Toca o fungagá, toca o Sol e Dó,
Vamos lá, nesta marcha a um fulambó
Toca o fungagá, toca o Sol e Dó,
Vamos lá, nesta marcha a um fulambó


http://youtu.be/60Ov_clZRf4

 



quinta-feira, 23 de junho de 2011

OS MORTOS VIVOS

Neste país, à beira mar plantado, tudo é possível.

É um país singular!

Médicos mortos passam receitas a doentes que já morreram, e juízes jubilados, e já falecidos, continuam a receber subsídios de compensação (compensação de quê???).

A Inspecção-Geral das Finanças calcula que cerca de 40% dos gastos do Estado com a comparticipação de medicamentos possa ser irregular, o que significa qualquer coisa como 1,2 milhões de euros. E a ex-ministra da saúde, a socialista Ana Jorge, já tinha conhecimento de tudo isto. Afirmou a ex-ministra Ana Jorge, a título de exemplo, que "há medicamentos que foram vendidos 20 vezes sem nunca terem saído da farmácia". E se o afirmou é porque sabia. E isto, provavelmente, durante anos e anos. Esta fraude com os medicamentos deve ser, apenas, uma pequena parte, presume-se, do que se passa a nível do Ministério da Saúde.

Agora saiu mais uma notícia, esta vinda do Ministério da Justiça: o MJ não realiza controlo das folhas de vencimento, nem dispõe de informação actualizada sobre trabalhadores a quem processa as remunerações e suplementos sobre a sua assiduidade. Só em subsídios  de compensação a magistrados, após a data do falecimento, já foram 165 mil euros. Mas ainda mais grave, este subsídio de compensação continua a ser atribuído a 382 magistrados, quando o já não deveriam receber: qualquer "coisita" como 3,6 milhões de euros, só em 2009. E mais, também não foi cobrado o IRS (cerca de 4,6 milhões de euros em 2009) do subsídio de compensação atribuído aos magistrados do Ministério Público. E ainda se sabe da atribuição indevida de subsídios e ajudas de custo (349 mil euros) a funcionários de justiça.
(Esta informação foi colhida, hoje, no Jornal "Público").

E o que se passa nos outros ministérios? E nos institutos que foram, por aí, criados pelo "engenheiro" sócrates? E as fundações que são pagas pelo Estado? E sei lá o que mais...

É possível que o todo somado fosse capaz de pagar a dívida ao FMI. Nunca se sabe!

Eu empresto a máquina de calcular...


quarta-feira, 22 de junho de 2011

NOSTALGIA

Passou pela Praia das Maçãs a caminho das Azenhas do Mar.

Fora ali que tinha passado muitas das suas férias de verão, no tempo da sua adolescência.

O clima inconstante, o nevoeiro, as noites mais frias, imprimiam, a esta praia, um cariz especial.

Era preciso gostar-se da Praia, dos amigos que se reuniam todos os anos naquela época, do Pinhal, do Banzão, dos passeios a pé até às Azenhas do Mar, das idas à Praia Grande pelo caminho da falésia, passando pela Praia Pequena e perto da casa do pianista Sérgio Varella Cid.

A praia era quase um horror! Pequena como uma concha de vieira, quantas vezes desagradável pelo frio e pela ausência do sol que, muitas vezes, ficava prisioneiro das nuvens que escondiam a Serra de Sintra. Era a única praia daquela zona em que as pessoas tinham que levar um casaco de malha por causa do frio da manhã. Só mais perto do meio dia é que o sol se descobria e aquecia os corpos carentes de calor. O mar era forte, cheio de correntes e, em vez de vir morrer na praia, tranquilamente, debatia-se numa luta constante contra um areal que escondia muitas rochas que davam cabo das canelas debaixo de água.

Naquele tempo, na praia de areia limpa, havia toldos, barracas, tudo muito bem arrumado onde se jogava ao prego, às cartas ou se faziam jogos de roda e, na zona de areal, jogava-se à bola ou ao mata, igual ao que acontecia em todas as praias do país.

Foi um tempo bom!

Mas, falar da Praia das Maçãs, de Sintra e de Colares é lembrar o Eléctrico que fazia o percurso entre a estação de comboios de Sintra e o terminal na Praia das Maçãs. Os trenzinhos vermelhos ou amarelos, abertos, com um estribo de cada lado, permitiam a entrada e saída em andamento, tal a lentidão com que se deslocavam. Era um útil meio de transporte. No verão andavam sempre cheios, principalmente de manhã e ao fim da tarde, com gente que vivia ou tinha casa de férias no percurso de quase 13 Km entre Sintra e a Praia. 

(O ELÉCTRICO DE SINTRA - imagem do Google)

Quantas vezes o não apanhara para ir até Galamares, onde ia comprar e comer as célebres nozes douradas, ou até Colares apenas para passear.

Agora que, de novo, o eléctrico voltou a funcionar, apenas aos fins de semana, vieram-lhe as recordações e as memórias de um tempo que mantém, bem vivo, nos arquivos da sua juventude.


 

terça-feira, 21 de junho de 2011

ASSUNÇÃO ESTEVES

Não precisou de se impor, não pediu nada, não foi badalada nos meios de comunicação social.

Só hoje o seu nome foi falado: Assunção Esteves.



E, mal foi indicado, despertou um consenso quase geral. Experiência política, experiência parlamentar, aqui e na Europa, experiência no Tribunal Constitucional.

É deputada social-democrata. Conseguiu 186 votos a favor da sua candidatura para presidente da Assembleia da República e conseguiu, ainda, a quarta melhor votação de sempre para este cargo.

Foi aplaudida, de pé, por todos os parlamentares. Uma ovação longa e entusiástica.

Tornou-se a primeira mulher a assumir este cargo. Manifestou com entusiasmo a sua alegria e o seu orgulho e disse, com humildade, que: "ser presidente da Assembleia da República é a maior honra da minha vida". 

Apelou aos deputados para reinventarem a democracia e lembrou aos cidadãos para se reconciliarem com a política.

A Democracia Portuguesa parece que está a dar uma volta, séria, determinada, aberta, transparente, com muito trabalho.

Oxalá assim seja!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

REJEITADO

Falhou as duas votações, ou melhor, as três.

A primeira vez foi para a Presidência da República, as segunda e terceira foram para a Presidência da Assembleia da República.

Da primeira vez, apesar do forte apoio do bloco de esquerda, não conseguiu ser o número 1 do país. Mas não se deu por vencido e, assim que alguém lhe acenou com  um convite para deputado da Assembleia da República, exigiu logo ser o Presidente da mesma - o número 2 do país - se não, não se candidataria. 

Pensou, talvez, que se falhou para ser o número um, teria a chance, agora, de ser eleito para o número dois; teria, no seu pensar, os votos do partido que o apoiou e convidou, mais a força toda do bloco de esquerda - a última oportunidade desta força esquerdina ganhar alguma coisa, já que não o conseguiu colocar em número um, e era a ocasião de cantar alguma vitória se ele ganhasse a eleição de hoje, depois de ter perdido metade dos seus deputados na assembleia -. O problema é que a soma dos votos não chegou, sequer, aos mínimos.

Faz lembrar os atletas candidatos às provas olímpicas: todos precisam de ultrapassar os mínimos se quiserem ir aos Jogos. Bem treinam, bem suam, bem se esforçam e, muitas vezes, por um décimo de segundo, por um centímetro, por um nada, falham a candidatura.

Foi o que não se passou com este candidato. Não foi visto a treinar, nem a suar, nem a esforçar-se para tentar alcançar os mínimos. Apenas se deixou ficar sentado, no seu trono de "candidato a", à espera.

Dizem que, "quem espera sempre alcança", mas também se diz que, "quem espera, desespera". E foi mesmo, um desespero tudo aquilo a que se assistiu.

Tem queda para Presidente, mas não da política. Deve continuar a ser Presidente da AMI onde tem feito um bom trabalho e deve ser, ali, o seu lugar.

A sua ambição teve as asas curtas e não lhe permitiu grandes voos, apenas uns saltos desajeitados... que logo foram rejeitados.


domingo, 19 de junho de 2011

RESERVA

Ainda faltava mais de uma centena de quilómetros e o mostrador de combustível indicava que ainda tinha dois "pauzinhos".

Mais do que o suficiente para chegar a casa, pensou ele.

E continuou no seu ritmo rápido, até porque estava cansado e tinha saudades do seu canto. 

Passou a ponte e continuou pela estrada estreita e cheia de curvas que bordejava as margens do rio.

Os seus pensamentos andavam longe: recordava as últimas semanas, o trabalho intenso, a saúde frágil, as reuniões a preparar, os cães fechados no canil, o passeio à beira-mar na manhã fresca daquele dia, a sardinhada no bairro de Marvila, o jantar em casa dos amigos, o almoço a dois, as compras que tinha que fazer no supermercado... Tudo, num turbilhão de imagens e passagens a correrem no seu pensamento, tal como as curvas e contra curvas que iam aparecendo diante de si, na sua condução apressada.

Olhou de novo para o nível de combustível. Desta vez só um "pauzinho" e só tinham passado meia dúzia de quilómetros. O turbilhão de pensamentos desapareceu do seu espírito e, de repente, tomou consciência de que era capaz de não chegar a casa com o que restava no depósito.

E hoje que é Domingo, os postos de abastecimento quase todos fechados. Como vou fazer? interrogou-se no seu pensar preocupado. Resolveu reduzir a velocidade, abrandar nas curvas e seguir com mais tranquilidade. Desligou o ar condicionado, abriu o vidro da janela, apoiou o braço no peitoril e assim foi, como se estivesse a passear junto a um mar tranquilo, sem ondas e sem gaivotas.

Mas, mesmo assim, a luz da reserva não tardou a aparecer. Reduziu ainda mais a velocidade. Restava a esperança de um posto de combustível, fora da estrada, fechado provavelmente, e a uns bons quilómetros adiante. E lá continuou num andar mais lento fixando o olhar na luz amarelo-alaranjado, que insistia no piscar rápido... e quanto mais rápido piscava menos combustível tinha e mais depressa batia o seu coração!

Desta vez teve sorte. Apesar de ser Domingo, as luzes vermelhas do preço dos combustíveis lá estavam, a indicar que tudo funcionava.

Ele, que costumava meter sempre a mesma quantia, dez euros de cada vez - é que assim custava menos -, desta vez não se acanhou nos bolsos. Encheu até ao cimo, até ter a certeza que chegava a casa sem ter mais aquela luz incómoda da reserva, a piscar-lhe rápido, como se piscasse ao ritmo do seu coração cheio de ansiedade...


sábado, 18 de junho de 2011

TEMOS GOVERNO

Foi rápido na formação do Governo, foi sagaz na escolha dos ministros. Começou bem, a adiantar-se aos prazos, a não atrasar as tarefas imensas que tem pela frente. 

Depois da brincadeira socialista, da banca rota em que nos deixaram, dos crimes que cometeram e deixaram que se cometessem, das impunidades, das aldrabices ("engenheiros", "doutores" e tudo o resto), das vigarices, das corrupções, da "mãozinha" sobre a justiça, do controle apertado ("censura") sobre a informação, etc, etc, etc... é a altura de o Governo Português ser constituído por pessoas Honestas, Qualificadas, Íntegras, Impolutas, Incorruptíveis, sem vícios de governação, com garra e juventude.

Parece que as escolhas foram corretas e agora é tempo de se começar a governar sem ouvir, nem se deixarem impressionar pelos gritos, pelas palavras de ordem, pelos incentivos às greves, à desordem e ao caos que, pequenos grupos, que quase não têm expressão popular, vão começar por aí a "ladrar".

Todos sabemos que "cão que ladra não morde", assim diz o provérbio, mas se começarem a querer morder os calcanhares do povo maioritário o melhor é pôr-se-lhes, logo, um açaimo. Ficam só a "rosnar".

sexta-feira, 17 de junho de 2011

COPIANÇO!

Desta vez foram 137 candidatos a juízes que foram apanhados a copiar num exame e acharam, por bem, os diretores do Centro de Estudos Judiciários, juízes provavelmente(!), passá-los a todos com nota de dez.

Um escândalo, uma vergonha, um crime!

Que país aceita pessoas corruptas, sem integridade, imorais (?), porque não estamos a falar de alunos de uma escola primária ou secundária, mas estamos a falar de licenciados em direito, a frequentarem um curso de magistratura para se tornarem juízes.

Ao que isto chegou! Tudo, ainda, sob a governação socialista, sob a responsabilidade desse "horrível" sócrates, porque ainda é primeiro ministro, porque ainda deve controlar a justiça.

Estes copiadores, aspirantes a juízes, deveriam ser, pura e simplesmente IRRADIADOS da magistratura, e de quaisquer outros cargos públicos, porque já deram a verdadeira prova da fibra com que foram feitos, ou moldados!

Juízes destes, NÃO OBRIGADO!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

AMARELOS

Aproveitou o dia quente e deixou-se ficar em casa. O ar condicionado proporcionava-lhe a amenidade de temperatura que desejava e a piscina, com zonas de sombra do arvoredo à sua volta, era o outro local onde podia defender-se do calor exagerado daquele dia.

Andava a construir um "puzzle" gigante de um quadro de Van Gogh, com girassóis dispostos num jarro, difícil de montar devido à enorme profusão de amarelos e ao conjunto de flores, quase umas pegadas às outras.


Gostava muito de Van Gogh, da sua pintura, das cores, da textura e dos motivos. A série dos girassóis, característica da obra de Van Gogh, é reconhecida em qualquer parte do mundo. A maior parte desta série foi pintada em 1888, em Arles, enquanto aguardava a chegada de Paul Gauguin, na famosa “Casa Amarela”.

Nestas obras o artista, ao contrário dos grandes períodos de angústia e depressão, revela uma sensação de felicidade, explorando a sua cor favorita, o amarelo.

O amarelo do sol forte daquele dia, que ia fazendo com que os girassóis do seu quintal fossem virando a face à procura da luz, também o ia deixando especialmente feliz...

quarta-feira, 15 de junho de 2011

ECLIPSE

Andava meio adoentado, muito cansado, cheio de muito trabalho e a dormir pouco.

E, quando chegava o fim do dia o cansaço tomava conta dele  tornando-o mole, apático e sonolento.

Ele tentava insistir, tentava lutar contra esse cansaço mas, cada dia, era pior. 

Até que, naquela noite, na noite do eclipse lunar, se foi sentar no terraço para ver a lua a desaparecer e, depois, esperar e voltar a olhar para ela a descobrir-se, a mostrar-se a rainha da noite, no seu esplendor de lua cheia.

Venceu o cansaço! Na noite quente, na cadeira confortável, na posição de meio deitado, era ouro sobre azul! Em menos de dois minutos, fez um auto-eclipse nos seus olhos e adormeceu profundamente até acordar com a sensação de frio a invadir-lhe o corpo.

O eclipse já tinha passado, a lua, magnífica no seu luar cheio, sorriu-lhe de cumplicidade e ele agradeceu.

Não viu o eclipse mas perdeu muito do seu cansaço.

Aquele banho de lua escondida recuperou-o e deu-lhe alento.

Foi deitar-se a cantar o "Tintarella di luna"...

Tintarella di luna,
tinterella cor di latte,
tutta notte sopra il tetto,
sopra al tetto come i gati...


terça-feira, 14 de junho de 2011

PEQUENO ALMOÇO

Tinha saído do estacionamento. Um parque subterrâneo que, àquela hora despertina, ainda se encontrava quase na escuridão: apenas as luzes de segurança iluminavam, de forma ténue, aquele espaço com três pisos abaixo do solo.

Cá fora, o dia bem ensolarado, deixou-o quase sem visão assim que começou a subir as escadas de saída, tal a intensidade da luz, daquela manhã de Junho.

O caminho até ao local de trabalho era curto, talvez uns trezentos metros, agora de avenida nova, passeios largos e mesmo pista para ciclistas. Tudo limpo e arranjado, com espaços ajardinados de relva bem aparada e canteiros com flores coloridas.

Pouca gente na rua, àquela hora matinal - um ou outro cidadão a correr na pista deserta dos ciclistas, três apressados, de pasta na mão, a dirigirem-se para a boca do Metro - e os cafés a abrirem as portas, já preparados para servirem as bicas e as sanduiches dos pequenos almoços não tomados em casa.

Lá estava ela, sentada no banco em frente à agência bancária, com o cão rafeirote e um monte de sacos a seu lado, com o seu olhar doce de sempre. Cumprimentaram-se com os bons dias do costume.

Já se conhecem dali há algum tempo, já conversaram várias vezes e ela já lhe contou das suas amarguras e da tristeza da sua vida... uma vida que já viveu bem mas que, agora, pelas voltas que a vida dá, a atirou para aquele banco. Não pede, não implora, apenas olha para as pessoas e o seu olhar doce e triste, deixa adivinhar a vida amarga que a persegue.

Ela já sabe que, daqui a nada, pode ir ao "Jardim da Avenida", ali ao lado, tomar o seu café com leite, comer o seu pão com queijo flamengo e levar, no saco de plástico, as sobras dos salgados da véspera.

Foi assim que ele combinou com o dono daquele café e foi a maneira suave que ele arranjou de a ajudar a mitigar a fome escondida.

 

segunda-feira, 13 de junho de 2011

SANTO ANTÓNIO

Hoje é o dia do Santo, um Santo ecléctico e universal, porque é de Lisboa (nasceu aqui em 15 de Agosto de 1191 ou 1195), foi baptizado com o nome de Fernando Bulhões e veio a morrer em Pádua a 13 de Junho de 1231.

Foi frade agostinho, tirou o curso de direito em Coimbra e tornou-se franciscano em 1220. Viajou muito, primeiro em Portugal, depois na França e na Itália.

Foi professor de teologia e um grande pregador. Foi convidado por São Francisco de Assis para fazer parte do Conselho Geral da Ordem de Assis. Viveu em Bolonha  e, depois, em Pádua.

Tem Igrejas por todo o lado mas a de Lisboa tem um cariz especial, é que foi construída precisamente no mesmo sítio onde nasceu.



É o Santo casamenteiro e protector dos noivos.

A sua representação iconográfica, que está por todo o lado, é a de um frade segurando o Menino Jesus sobre um livro e tendo uma cruz ou um ramo de açucenas na outra mão. Outra forma de o representar é com um saco de pão, ou só um pão, na mão e com o menino, nu ou vestido, de pé ou sentado, na outra mão.



Foi um grande pregador! Tanto pregava às pessoas, como pregava aos peixes, tal como São Francisco de Assis que pregava às aves, e é o melhor santo para encontrar objectos perdidos... melhor mesmo que São Longuinho. 

Basta só rezar uns "responsos" e mais uma novena... e, com a ajuda do Santo, você encontra.

No dia de Santo António, que é hoje, a cidade de Lisboa fica em festa e promove o cortejo das marchas de Lisboa, em que cada bairro  compete em desfile. Esta ano ganhou a marcha do Alto do Pina.




domingo, 12 de junho de 2011

CHEGOU A HORA

Chegou a hora!

Chegou a hora de despedir dos amigos, de dizer "Até mais, Chibante amigo!", de deixar de ouvir o sotaque carioca, de voltar aos euros, de guardar na lembrança os passeios no Calçadão, de deixar de acenar ao mar aqui da varanda, de deixar de ver as asas-delta a planar como voo tranquilo de urubu, de não voltar a ver a Rocinha aqui ao lado...

Chegou a hora de regressar, de voltar ao país que é o nosso, de voltar à realidade do dia a dia, mas voltar, agora, com esperança de que, certamente agora, não haverá mais mentiras, não teremos mais esconderes, nem mais demagogia.

Chegou a hora do voo.

Chegou a hora de mandar seguir o Blog!


sábado, 11 de junho de 2011

FEIJOADA

Ao sábado, aqui, é dia de feijoada! Bem caprichada, bem variada, com o feijão, claro, o arroz, porque não há arroz sem feijão nem feijão sem arroz, a couve mineira, a carne seca, a carne de vaca, a carne de porco, os enchidos, o toucinho, mais a  farofa, a laranja e muita bebida, muita caipirinha, feita ao momento por um carioca de gema. Estava tudo lá. Até as sobremesas: a mousse de chocolate, o quindim, o pudim de claras. Tudo para comer e chorar por mais... até o cafezinho que veio dar o toque final.

Num ambiente de delícia, numa casa cheia de janelas para deixar entrar a luz e a vista maravilhosa que só o morro, ali, em São Conrado permite descobrir, numa casa cheia de recantos, de escadas estreitas, de corredores, de salas grandes e salas pequenas, todas cheias de luz, cheias de cor, cheias de quadros, com telas com rosas - de tons suaves, pálidos ou intensos quase a virarem vermelhas -,
(Rosa de Pietrina Chelacci - 11 de Junho de 2011)
com pernas, com corpos, com amebas musicais de um azul da cor do mar,
(Almoço com Amebas Musicais -- Pietrina Chelacci - 11 de Junho de 2011)
com esculturas de dedos, de pés, de pernas soltas, de pulseiras, de brincos, de tudo, por todo o lado e em qualquer lugar.


É assim a casa de Pietrina Chellacci, uma artista cheia de sensibilidade e de sensualidade naquilo que faz e nos transmite, e que resolveu convidar o Clube da Letra para esta sua casa.

E lá foi, o Clube da Letra, quase todos ali, com uma fome imensa da feijoada e sede da caipirinha.

Desta vez,  não houve leituras, mas houve muita conversa, muita troca de dizeres, muita contadoria, muito diálogo, muito riso, muita alegria, muita coisa séria também, muita filosofia e, sobretudo, muita amizade, muita união, muita ligação...
(Clube da Letra - uma parte - 11 de Junho de 2011)

Era noite escura quando a conversa acabou, mas não se esgotou.

É que era tarde e tínhamos que ir indo, precisávamos ir embora. Até amanhã...

Um até amanhã a lembrar Luíz Gonzaga e o seu Menino de Braçanã.


sexta-feira, 10 de junho de 2011

10 DE JUNHO

Decididamente as cordas vocais estão a parecer-se com determinados movimentos sindicais: programam greve nos momentos em que são mais precisas.

Foi o que aconteceu hoje, ao ter de falar para uma assembleia de mais de 150 pessoas e não ter voz! Das tripas fez-se coração, aplicou-se a técnica do pulmão, e lá foi saindo o que devia ser dito, de forma sub-audível mas compreensível.

A garganta ficou a doer e a voz parou de vez...

Como compensação, e porque hoje ainda é o Dia de Portugal, Dia de Camões e o Dia das Comunidades fez-se um jantar luso-brasileiro onde se bebeu um bom vinho de Portugal, onde se falou de Camões, de Fernando Pessoa, de Eça de Queiroz e de Tormes, de Miguel Torga e de São Martinho de Anta, de Florbela e de Sophia, e se contaram histórias, se falou de política e do rumo que Portugal está a tomar.

Um fim de tarde diferente, entre amigos, à sombra dos nossos poetas e escritores...

quinta-feira, 9 de junho de 2011

INVERNO CARIOCA

Curioso isto do tempo! De um instante, quase, para o outro tudo muda, tudo se transforma. Ou está um sol de verão, com promessas de 30ºC, de praia boa, de passeios na beira-mar, ou tudo vira, e o sol vai embora, o calor parte para outras paragens e vem o cinza das nuvens, que trazem água abundante, ainda por cima bem batida pelo vento forte e frio, de rajada.

A Pedra Bonita se esconde lá no alto, o mar meio liso e pacato se agiganta e transforma em alteroso, as árvores sacodem, com força, os ramos velhos e frágeis, lançando os frutos como quem está atirando pedras, o Calçadão se esvazia e as asas-delta se recolhem à praia do Pepino.

(Praia do Pepino - São Conrado - Rio do Janeiro - 9-6-2011)

O Rio perde um pouco do seu encanto, as cores tornam-se pardacentas, o calor vira frio e pede agasalho, a chuva quer abrigo, casa, conforto, mas, felizmente que o calor humano dos Cariocas, dos velhos amigos de muitos anos, esse, faz esquecer o mau tempo, o inverno rigoroso, a chuva intensa e o frio que se estão a sentir bem por aqui (pelo menos por agora!).

(São Conrado - Rio de Janeiro - 9-6-2011- 16h 30m)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

SÃO CONRADO

Lá do alto, da Gávea e da Pedra Bonita vê-se, quase, o mundo todo.

Mas, de mais perto vê-se o Pão de Açúcar, o Cristo do Corcovado, a favela da Rocinha logo ali em baixo, vê-se a praia extensa de São Conrado, a baía de Copacabana e, com uns bons binóculos, de certeza que se veria a Garota de Ipanema.

(Praia de São Conrado - Rio de Janeiro - 8 de Junho de 2011)
O dia acorda sempre cedo, e o Calçadão de São Conrado enche-se de pessoas, umas a correr, outras em passo apressado, mas determinadas no seu exercício matinal.

Lá ao fundo, antes do túnel, a praia do Pepino, onde os praticantes de asa-delta fazem os seus pousos quando se lançam lá do alto da Pedra Bonita.

A noite tinha sido de temporal, a cauda de um furacão que passou ao largo, trouxe muito vento e muita chuva e o Calçadão ainda molhado e cheio de ramos de árvores tornava o andar hesitante, obrigando a gincanas constantes. Apesar disso, o passeio foi bem revigorante e soube maravilhosamente bem...

terça-feira, 7 de junho de 2011

RIO

Rio de satisfação, rio de contentamento, rio porque voltei ao RIO...

Voltei

A este Rio de Janeiro que continua lindo,

A este Rio de Janeiro que continua sendo...

Ao Rio de Janeiro, Fevereiro e Março...

Ao Rio do Chacrinha,  da Terezinha, da moça da favela, da banda de Ipanema, da torcida do Flamengo...


Aquele Abraço!
 
Alô Rio de Janeiro,

 
Aquele Abraço!

 
Todo o povo brasileiro,

 
Aquele Abraço!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

MEMÓRIA CURTA

Os portugueses fizeram a escolha que melhor entenderam.

Deram ao PSD o que tiraram ao partido socialista e fizeram com que o CDS e o PSD ficassem com mais de 50% da votação e dos lugares na Assembleia da República. A chamada maioria absoluta.

Mas o tempo não é de euforia, nem de comemoração. As vacas balofas da governação socialista, afinal, não eram mais do que uma imensa manada de vacas magras, esqueléticas, cadavéricas, moribundas, socráticas. Não dão para leite, nem para carne, nem para tracção, nem para nada. Foi esta a herança deixada pelo sócrates e pela sua (des)governação.

Infelizmente  é uma herança que não se pode recusar, não se pode mandar para trás, nem devolver à procedência. Vamos ter que ficar com ela. Vai custar-nos os olhos da cara e vamos sentir, na pele e nos ossos, o peso da AUSTERIDADE que se avizinha.

Esperemos que o novo governo comece rapidamente, que seja competente, que seja sério, que trabalhe muito, que acabe com os abusos, as fundações, os institutos, que dê o exemplo, que acabe com tudo o que é supérfluo, que imponha moralidade, que só dê um passo adiante quando tiver a certeza que o outro pé está bem assente.

Esperemos também que a oposição de esquerda, a da CDU e do BE (o bloquinho), que apenas representam 15% da votação, o que  significa que a esmagadora maioria da população não comunga nem alinha nas ideias trotskistas, leninistas e estalinistas destes partidos menores, se comporte com dignidade, não fomente greves indiscriminadas, selvagens e escusadas, como têm sido as da CP e vão ser as da TAP, nem acções de rua,  nem outros movimentos que afectem o trabalho dos quem têm que trabalhar.

E é hora de trabalhar a sério, de vestir o fato-macaco, de dar calos às mãos e ao cérebro, de pagar as dívidas para, dentro de pouco tempo, podermos levantar, de novo, a cabeça e mostrar a nossa dignidade, a dignidade de um país com mais de oito séculos de história. Vai demorar tempo, mas vamos conseguir... só espero que o cadáver do sócrates não venha, depois, ganhar outras eleições e tornar a voltar tudo ao mesmo.

É que, este povo, que soube promover esta mudança tão importante, tem um enorme defeito... tem a memória curta!


domingo, 5 de junho de 2011

O VOTO

Dizem que eram as eleições mais importantes depois do 25 de Abril, não por questões da democracia em si, mas por questões de sobrevivência nacional. É que o partido socialista, que esteve a (des)governar este país durante uma data de legislaturas, deixou-o de tal forma na penúria, que esta nação, a mais antiga da Europa, corre risco de sobrevivência da sua independência nacional.

Fizeram-se muitas tropelias, a justiça ficou dependente do poder político, a informação ficou debaixo das garras do primeiro ministro, as parcerias público-privadas privilegiaram, de sobremaneira, os poderosos, os escândalos foram todos abafados, afastaram-se jornalistas  incómodos... viveu-se uma verdadeira ditadura sob a capa de um "socialismo democrático".

As eleições vieram acabar com esta podridão e levaram a uma derrota do partido socialista, a um despedimento do secretário-geral e ex-primeiro ministro, o sinistro sócrates. Uma despedida "comovente", quase a pedir lágrimas, ou seriam bagas de suor que lhe escorriam pela cara abaixo?, num adeus que me afasto da vida política e da vida pública...

E sai assim? sem ser julgado por todo o mal que fez? pelo descalabro económico em que nos deixou? sem ser verdadeiramente investigado pelos casos de suspeita de corrupção em que está envolvido e que o "seu" procurador geral de justiça mandou encerrar? sem se esclarecer a sua licenciatura "forjada" em engenharia?

Ficamos agora à espera que este governo actue com transparência, com verdade, com informação livre, com justiça cega, com trabalho honesto, com rigor económico.

Para isso, os partidos ganhadores tiveram o voto de mais de 50% do povo.

Agora é só cumprirem, com lealdade, as funções para que se candidataram!

sábado, 4 de junho de 2011

REFLEXÃO

Amanhã será dia de eleições.

Hoje é tempo para reflectir.

Para pensar bem naquilo que mais desejamos para o nosso futuro, o ideal utópico de cada um que nunca será realidade.

Talvez seja melhor, por isso, pensar e reflectir sobre aquilo que não queremos... melhor, que não quero. 

E não quero mais ser governado por oportunistas, vigaristas e aldrabões. Não quero mais mentira, arrogância e compadrio. Não quero mais quem levou este país ao descalabro económico, ao crescimento assustador do desemprego e ao fim dos sonhos e aspirações da juventude. Não quero mais aumento de impostos, diminuição de salários e cortes nas reformas. Não quero mais pinóquios, incompetentes e usurpadores. Não quero mais medos, controle da informação e ameaças. Não quero mais parcerias, fundações e institutos que sorvem milhões e não servem para nada. Não quero mais carros de luxo, assessores e nomeações sem nexo.

Não quero mais do mesmo. Não quero mediocridade. Não quero falácias.

Amanhã não sei, ainda, em quem vou votar... mas sei, isso sim, em quem NÃO vou votar!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

CERCI

Esta noite houve um jantar: não de encerramento de campanha política, não de um partido qualquer, muito menos um jantar de correlegionários politiqueiros.

Foi um jantar que reuniu muita gente, novos e velhos, ricos e pobres... uma sala cheia. Muita juventude, muitos casais novos, muitas crianças.

A CERCI de Portalegre, melhor, amigos e entusiastas da CERCI, organizaram o jantar, para comemorar os seus 30 anos de existência, para arranjar fundos de subsistência e, sobretudo, para mostrar que a vida tem muitas oportunidades.

CERCI quer dizer, Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados. 

A CERCI é uma entidade de referência no âmbito da inclusão social, contribuindo para uma melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência, actuando na preservação, sensibilização, promoção de competências, capacidades e desenvolvimento de actividades através do fomento de uma comunidade orientada pelo optimismo, pela motivação e pela não discriminação.

Dignificar, reabilitar e integrar as pessoas portadores de deficiência e multideficiência, têm sido os grandes objectivos das CERCI. E são muitas em todo o País.

O jantar propriamente, a comida em si, foi o menos importante. Porque o jantar valeu a pena para ver o trabalho que tem sido feito na recuperação e na reabilitação daqueles que a frequentam. 

Imaginar e ver pessoas com deficiências, algumas delas profundas, a participarem em danças, em coreografias de palco, em representações... foi comovente.

Vi muitas lágrimas a correram pelo rosto de muitos dos assistentes. Vi a forma entusiástica como foram aplaudidos e vi como elas e eles, actores, intérpretes e heróis desta noite, se empenharam  na actuação e  manifestaram, com entusiasmo, o agrado das palmas.

Neste jantar não houve ódios, não houve maldizeres, não houve intrigas, não houve conversas de bastidor... isso ficou para os jantares de encerramento da campanha política, para aqueles que querem governar (ou governar-se?) em Portugal.

Neste jantar, pelo contrário, houve simpatia, houve solidariedade, houve as pessoas a darem as mãos, houve apoios, houve muita alegria, houve entendimento...

Deveria haver mais jantares destes, com mais gente ainda, com muita gente mesmo, para se entender melhor o valor da vida, para se perceber melhor a solidariedade, para se compreender que a sociedade somos todos: os sãos, os deficientes, os inadaptados, os diminuídos... que somos todos cidadãos do mesmo mundo, todos com os mesmos direitos, mas também com o dever de ajudar e apoiar aqueles que precisam de nós.

Principalmente agora!


quinta-feira, 2 de junho de 2011

DIA DA ESPIGA

Celebra-se hoje o Dia da Espiga - a Quinta-feira da Espiga - que é comemorada no dia da Quinta-feira da Ascensão.

Quem está no campo, certamente, irá colher o Ramo de Espigas, composto por espigas de cereais, raminhos de oliveira, flores campestres (malmequeres, papoilas, um raminho de flores de alecrim, estes de obrigação) e mais tudo o que se queira. Nas grandes cidades já quase ninguém vai colher o Ramo de Espigas, mas há quem os venda, fazendo negócio com a tradição, por um lado, mas ajudando a preservá-la.

Como em todas as tradições existe um misto de religiosidade e de profanismo ou paganismo. Pensa-se que a sua origem esteja ligada às mais antigas tradições pagãs associadas às Festas da deusa Flora que aconteciam por esta altura e às quais se mantém ligada à tradição dos Maios e das Maias mas, também, de um antigo ritual cristão, que era uma bênção aos primeiros frutos e, ainda, por ser o dia da Ascenção de Cristo aos Céus, um dia com alta carga de religiosidade.

Foi considerado o "Dia Mais Santo do Ano", em que não se devia trabalhar e, também, o "Dia da Hora" porque havia uma hora, o meio-dia, em que em que tudo parava, "as águas dos ribeiros não corriam, o leite não coalhava, o pão não levedava e as folhas se cruzavam". Era nessa hora que se deviam colher as plantas para fazer o Ramo da Espiga.

Também era a altura ideal para se colherem as ervas medicinais.

Cada elemento simboliza um desejo:
- A espiga para que haja pão (isto é, que nunca falte comida, que haja abundância em cada lar)
- O ramo de folhas de oliveira para que haja paz (lembra a pomba da paz que traz no bico um ramo de oliveira) e também para que nunca falte o azeite e a luz (isto, no tempo das lamparinas de azeite).
-  A videira para trazer vinho e alegria,
- As flores para que haja alegria trazida pelas cores das mesmas: 
    o malmequer - ouro e prata, 
    a papoila - amor e vida e
    alecrim - saúde e força.

Segundo a tradição o ramo deve ser colocado por detrás da porta de entrada, e só deve ser substituído por um novo no dia da espiga do ano seguinte.

(Fonte: Google - imagens)
Ainda tem mais uma virtude: Em dias de trovoada queima-se um pouco da espiga no fogo da lareira para afastar os raios.