De início somos heróis, guerreiros, altruístas, generosos, exemplares...
Depois, por qualquer mecanismo impersistente, não conseguimos manter todo esse paradigma...
Começamos a esquecer, a desleixar, a descontinuar, a pensar que o mal não quer nada connosco e só calha aos outros, a abandalhar...
Está-nos na massa do sangue... e é em tudo!
Mas, o pior está em que deveria exigir, em quem deveria dar o exemplo, em quem deveria servir de modelo. Exigem ou recomendam a todos mas eles não o fazem: não usaram máscaras em aquando da celebração do 25 de Abril na Assembleia da República, permitiram manifestações e ajuntamentos públicos de sindicalistas, querem ir para frente com a festa do Avante, entusiasmam-se com a vinda da Champions (apresentação ao mais alto nível!) que pode vir a trazer adeptos pouco cumpridores de regras de afastamento físico, nas passeatas frente às cameras de televisão, quer o PR, quer o PM, quer os ministros não guardam a distância física recomendada, a directora geral da saúde diz que quem define as regras nos futebóis é a FPF ou a UEFA, os aeroportos, aparentemente não controlam, à séria, quem entra e não impõem qualquer tipo de quarentena, como em outros países...
E os ajuntamentos começam a acontecer, mil aqui, 30 ou 50 acolá, mais um "botellon" em Braga, mais um dia a dia de novos acontecimentos... Ora, se uns fazem, porque não nós?
Será fácil conter jovens e adolescentes em casa, semanas, meses a fio? O que é mais preocupante? Isto? Ou deixá-los voltar às escolas e aprender a conviver com distanciamento físico controlado?
E o pior é que os internamentos por Covid, agora, são numa percentagem preocupante, de jovens com sintomas graves!
Fala-se muito no distanciamento social (não sem se se diz assim por causa do partido do governo ser socialista) mas, a verdade, é que o distanciamento deve ser, acima de tudo, físico... manter distância, afastamento físico e não social...
As pessoas têm que socializar, seja pela net, pelo telefone, até fisicamente, desde que mantenham a distância... e usem máscara, sempre que haja alguém por perto, e lavem as mãos, muitas vezes, correctamente, e/ou as desinfectem...
As nossas mãos, agora, devem ser tudo, menos espanholas... não precisamos de ver com as mãos... temos que pensar e saber que, além da via respiratória, o contacto manual é, também, uma importante fonte de contágio!
Vamos lá voltar a ser, de novo, guerreiros, cumpridores, higiénicos, exemplares...
Somos nós os primeiros e, egoisticamente, os mais interessados!
Nós que, orgulhosamente, mostrámos novos mundos ao mundo, sejamos capazes de o voltar a fazer agora, mas pelo exemplo democrático da contenção viral...
Temos que ser, e não dizer somos, melhores que os nossos antípodas da Nova Zelândia!
Raul de Amaral Marques