Começam a juntar-se aos bandos! Às vezes formam uma nuvem negra que tapa o Sol, de tantos que são! Como um cardume fora de água, a voar em uníssono, num entendimento perfeito de voltas, reviravoltas, torvelinhos, de subidas, de descidas...
E, quando se cansam, quando necessitam de um pouso, enchem as árvores que quase se abatem de tanto peso ou, se são urbanos, cobrem os telhados das casas num chilreio ensurdecedor.
Chegada a hora vão embora, e lá partem, para o sul, nas suas migrações... Todos os anos é assim, mais dia menos dia, mais semana menos semana, mas quando chega a hora nem olham para trás: seguem o seu destino, juntos, aos bandos...
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(DO AUTOR - PARDAIS) |
Como muitos portugueses, homens-pássaros que, sozinhos, ou em bandos, também têm necessidade de partir da sua terra, do seu país, que os empurra para fora, que os obriga a ir embora, para norte, para sul ou para o outro lado do mar..., numa imensa emigração que vai deixando este país cada vez mais pobre, cheio de idosos que, cada dia, vão perdendo o valor das suas reformas, de mão de obra pouco qualificada, porque os bons técnicos e os bons profissionais, esses, se ainda não partiram, estão já de malas feitas...
Pois é, ficam os muitos jovens, os que não podem partir, os incompetentes, os idosos e, claro! os políticos e os financeiros que, enquanto houver algum modo de criar leis para sugar mais impostos, e "spreads" e juros para roubar o que resta... vão ficando... não como pardais aos bandos, em chilreios divertidos, mas como abutres, sozinhos, num cada um por si, à espera da carniça, dos ossos, dos olhos e da pele dos que por cá ficam!
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