(do autor) |
O nome que lhes dávamos era trombetas, porque o faziam e fazem lembrar as trombetas dos arautos. A net já me esclareceu: o nome científico é Ipomoea purpurea L. e são denominadas Glória da Manhã ou Cordas de Viola e as flores têm mesmo, conforme diz a Wikipédia, a forma de trombeta.
Como a parede, quase de um dia para o outro, ficava cheia destas flores azuis nós, os miúdos, íamos arrancando, do cálice, a flor e sorvendo o suco da parte inferior, como que sugando de uma teta... reminiscências do aleitamento da infância?
E era uma razia... dávamos cabo das flores até onde chegavam os nossos braços esticados! Para cima lá continuava todo o colorido azul das flores, o verde das folhas e os pontos amarelos saltitantes das muitas abelhas que, de flor em flor, competiam connosco na disputa daquele xarope doce e saboroso.
Quase uma selecção natural: até onde chegavam os nossos dedos esticados as flores desapareciam, ao mesmo tempo que iam, lá mais para cima, as abelhas que, assim, não nos picavam evitando os inchaços e o mal-estar causado pelo ferrão.
A Natureza a proteger-nos e a oferecer-nos, durante um curto período do ano, uma guloseima que, naqueles tempos de Quaresma, de abstinência e de jejum, em que nos sentíamos coibidos de comer doces, nos compensava dos rebuçados e das amêndoas que só voltaríamos a comer depois do sábado de aleluia!
Trombetas, também, a anunciar um novo ciclo de vida, o acabar de um período de sofrimento, de desagrados, para uma ressurreição, para um novo viver, para uma Páscoa a celebrar!
Trombetas, também, a anunciar um novo ciclo de vida, o acabar de um período de sofrimento, de desagrados, para uma ressurreição, para um novo viver, para uma Páscoa a celebrar!
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1 comentário:
As vezes, apetecia-me ressuscitar mesmo, numa Páscoa de alegria e Paz.
beijos e boa Páscoa
Berta
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