"...
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
(do autor - Castelo de Mourão) |
...
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
...
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
..."
Chico Buarque - Construção - 1971
As paredes sólidas, como por um passe de magia, mas, certamente, por força das conjunturas, dos créditos malparados, de muitas parcerias, de muito cimento, de muita estrada e pouco tráfego, de muito paraíso fiscal, de muita corrupção, de muito enriquecimento ilícito, de muito de tudo, transformaram-se em paredes flácidas, abandonadas, a mostrar como se vai desconstruindo, tijolo a tijolo, parede a parede, um país historicamente sólido.
O pássaro voou...
Mas sempre ficam as ruínas...
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