(DO AUTOR - ALGARVE AO FIM DO DIA) |
"Passavam pelo ar aves repentinas,
O cheiro da terra era fundo e amargo,
E ao longe as cavalgadas do mar largo
Sacudiam na areia as suas crinas.
Era o céu azul, o campo verde, a terra escura,
Era a carne das árvores elástica e dura,
Eram as gotas de sangue da resina
E as folhas em que a luz se descombina.
Eram os caminhos num ir lento,
Eram as mãos profundas do vento
Era o livre e luminoso chamamento
Da asa dos espaços fugitiva.
Eram os pinheirais onde o céu poisa,
Era o peso e era a cor de cada coisa,
A sua quietude, secretamente viva,
E a sua exaltação afirmativa.
Era a verdade e a força do mar largo,
Cuja voz, quando se quebra, sobe,
Era o regresso sem fim e a claridade
Das praias onde a direito o vento corre."
Sophia de Mello Breyner Andresen - Paisagem, in Obra Poética I
3 comentários:
Ouvia bela sinfonia de Haydn abrindo correspondência neste domingo ensolarado – Dia dos Pais. Tentava, sem sucesso, comunicar-me com meu filho que vive, noutro fuso horário, na Austrália. Lendo sua mensagem, me emocionei. Obrigada por seus lindos textos e fotos que tanto enriquecem meus dias.
Beijinhos, lola
Sua fotografia transmite uma paz imensa. Bela harmonia com a poesia da Sophia Breyner. Cenário perfeito para uma excelente reflexão! Bom domingo!
Bjs
Rita Rosário
Bela combinação! Quero conhecer o Algarve...
Ana Hertz
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