terça-feira, 21 de agosto de 2012

MAIS OLHOS QUE BARRIGA

Apareceu subrepticiamente, em silêncio quase total, rastejante na sua condição, de olhar fixo, sem pestanejar, hipnotizante...

Deixou-se ficar, como pendurada, na beira do tanque, de boca aberta, parada, à espera que o peixe vermelho, que de quando em vez vinha à superfície apanhar um insecto voador, saltasse o suficiente para o abocanhar. De tempos a tempos soltava a língua bífida, abanando-a a imitar o tal insecto, iludindo-o.

Nem teve tempo de reagir... Mal ele pôs a cabeça de fora escancarou ainda mais a boca e, no instante daquele momento, prendeu-o com os dentes e começou no lento processo da deglutição. Ainda assim foi sol de alguma dura, o peixe era maior do que a boca e não havia maneira de o engolir... Ali estiveram os dois um bom tempo, numa boa luta pela sobrevivência: o peixe a debater-se a tentar safar-se da morte e a cobra a abrir, cada vez mais, a boca a tentar garantir o alimento que lhe dava a subsistência...

E foi, no disparo mais ruidoso de uma fotografia que o réptil se assustou e, abrindo ainda mais a boca, largou o peixe que, calmamente, voltou às águas do tanque onde nascera...

(DO AUTOR - QUINTA DA PROSA - SÃO BENTO - SERRA DE SÃO MAMEDE)

  

2 comentários:

Anónimo disse...

Que barbaro!!!!!!!

Ana Hertz

Anónimo disse...

A natureza tem coisas muito chocantes.Eu acabei com o meu lago com as lindas carpas porque apareceram de imediato cobras.....as desgraçadas carpas não escapavam e depois vinham gatos sei lá de onde acabar o horror.
Ana Eduarda Abrantes