terça-feira, 7 de agosto de 2012

EVOLUÇÃO



(DO AUTOR - BUSTO DE ANTERO DE QUENTAL - LARGO DOS MÁRTIRES DA PÁTRIA - PONTA DELGADA - SÃO MIGUEL - AÇORES)


"FUI ROCHA EM TEMPO, E FUI NO MUNDO ANTIGO
TRONCO OU RAMO NA INCÓGNITA FLORESTA...
ONDA, ESPUMEI, QUEBRANDO-ME NA ARESTA
DO GRANITO, ANTIQUÍSSIMO INIMIGO...

RUGI, FERA TALVEZ, BUSCANDO ABRIGO
NA CAVERNA QUE ENSOMBRA URZE E GIESTA;
OU, MONSTRO PRIMITIVO, ERGUI A TESTA
NO LIMOSO PAUL, GLAUCO PASCIGO...

HOJE SOU HOMEM, E NA SOMBRA ENORME
VEJO, A MEUS PÉS, A ESCADA MULTIFORME,
QUE DESCE, EM ESPIRAIS, DA IMENSIDADE...

INTERROGO O INFINITO E ÀS VEZES CHORO...
MAS ESTENDENDO AS MÃOS NO VÁCUO, ADORO
E ASPIRO UNICAMENTE À LIBERDADE."

Antero de Quental, in Sonetos - Evolução.




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2 comentários:

Anónimo disse...

Belísssimo! Obrigada pelo envio.
Beijinhos, lola

Professora disse...

Suicidou-se, desiludido, o pobre Antero. Foi um grande poeta, indecentemente esquecido por este Portugal.

Beijos
Luísa