O dia amanheceu cinzento, sem cor, silencioso, de uma humidade leitosa, transformando esta água toda, salgada e imensa, num mar imaterial e mágico, envolto num manto total de névoa doce e branda...
Ontem foi Lagos e o Dom Sebastião... Hoje a névoa a querer fazer cumprir a lenda, a imaginar o cavalo, alado e branco, a vir da ilha longínqua de ali ao lado, confundindo o Encoberto Rei com o Vizir de Odemira, e esperando a hora de voltar...
"Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!"Fernando Pessoa, in Mensagem: Terceira parte - O Encoberto
(DO AUTOR - AO LARGO DE SINES) |
"Névoa... A manhã é névoa e o dia é este...
Que quero eu dele ou ele quer de mim?
Quero que a minha angústia nada ateste
De si, nem de quem quer um fim...
Quero que a manhã seja como é,
Porque o seria sem o eu querer;
E que eu tenha esse resto vil de fé
Que é ainda querer viver..."
Fernando Pessoa in, Poesia 1931 - 1935 e não datada, Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva e outras, 2006.
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3 comentários:
A lenda quase a misturar-se na realidade deste Portugal perdido no nevoeiro actual.
Bjs
LM
Lindo, deve ter sido um espectáculo! Como consegue?
Beijos
Berta.
Gosto de nevoeiro, de névoa.
Quantos desejos imaginados...
Beijo
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