sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

DECIDIDAMENTE E DEFINITIVAMENTE

Chegou a casa... aportou... quase deu a volta ao mundo... andou por fora, longe, distante...

Um ano como que sabático de mareação... de solidão de mar... de aprendizagem das artes e da vida...  de rotas traçadas, de GPS, de radares... de vencer tempestades... de dormir aos socalcos das ondas e ao sabor do tempo e do mar... de comer frio, de racionamentos, da água contada... de pés molhados, de frio e de muito calor... de encontros e de desencontros... de ventos cruzados, de chuvas fortes, de ondas grandes... de velas rasgadas, de genoa ensarilhada, de rizos na vela grande... de bolinas, de popas largas, de muito mar, até de navegação a motor...

De monólogos... de muitas leituras do Pessoa, do Torga... de música clássica de Mozart, de Bach, de cantos gregorianos... da outra música, dos Pink Floyd, dos Beatles, das Américas...

De olhar as estrelas, de apreciar a lua a passar as fases no écran gigante do firmamento, de ver os riscos das estrelas cadentes... 

De nuvens brancas, de nuvens negras, de raios, de tempestades...

De quase desistências, de frustrações, de ânimos e de desânimos, de alegrias e de tristezas, de entendimentos e de desentendimentos, de raivas e de ódios, de interrogações e de dúvidas, de voltares e de retornos, de silêncios e de ruídos...

Até que regressou, de vez, largou tudo, deixou  uma parte do seu mundo atracado ao cais, largou o barco, vestiu umas calças caqui, uma camisa azul e acenou, num regresso decidido e definitivo... de "Free Mind"!


(Free Mind, cais da Marina de Vilamoura - 2009)

1 comentário:

Luisa RC disse...

Em muitas vidas não se parte para viagens sabáticas talvez porque não se tem de onde partir, Ou melhor, só nos arriscamos a partir quando sabemos que no regresso, seja ele em que tempo ocorrer e em que condições acontecer, a casa existe e está ali para nos receber. Só quando temos a certeza de ser reconhecidos por quem nos ama nos libertamos do que não amamos em nós, dos nossos fardos, limitações.
Por isso o amor é tão poderoso, nos faz renascer, nos faz avançar.
O limite e o horizonte é sempre o amor. Limitado quando só permite uma forma, um horizonte de esperança quando se abre à vida.