segunda-feira, 14 de outubro de 2013

OUTONAL



"Caem as folhas mortas sobre o lago;
Na penumbra outonal, não sei quem tece
As rendas do silêncio... Olha, anoitece!
- Brumas longínquas do País do Vago...

Veludos a ondear... Mistério mago...
Encantamento... A hora que não esquece,
A luz que a pouco e pouco desfalece,
Que lança em mim a bênção dum afago...

Outono dos crepúsculos doirados,
De púrpuras, damascos e brocados!
- Vestes a terra inteira de esplendor!

Outono das tardinhas silenciosas,
Das magníficas noites voluptuosas
Em que soluço a delirar de amor..."


(Florbela Espanca, «Charneca em Flor», in «Poesia Completa»)



(DO AUTOR - AS FOLHAS DE OUTONO)


2 comentários:

Anónimo disse...

A Florbela da depressão. Angustia.

Ana Lacerda

MJ FALCÃO disse...

O Outono não tem par, acho eu...Poema muito bonito e imagem a condizer!
Abraço