Uma das brincadeiras correntes dos recreios nas escolas, nos jardins infantis ou nas praias, no antigamente, era o jogo do saltar ao eixo.
Havia um que amochava o tronco para a frente, apoiava bem as mãos nas pernas e virava a cabeça para baixo, a olhar a barriga, e o resto do bando de rapazes e moças, em fila indiana, um de cada vez, iniciava a corrida, fazia a chamada para o salto e, apoiando-se nas costas do amochado, lá iam pulando e saltando por cima do sacrificado... E o salto tanto podia ser feito lateralmente como de trás para diante. Como se fosse o saltar do plinto, uma das modalidades olímpicas na disciplina da ginástica!
Tal como a cabra-cega, o jogo do lencinho, da macaca, ou as lenga-lengas da linda falua, ou o jogo do anel... tantos... o saltar ao eixo era uma das formas que a juventude encontrava para comunicar e se divertir... era no tempo em que não havia jogos electrónicos, nem telemóveis, smartphones, ipads nem todos esses objectos que isolam as pessoas e as vão afastando, irremediavelmente, dos outros...
O jogo do eixo era mais um jogo de rapazes - a saia das meninas dificultava o salto por ir esbarrar nas costas de quem fazia de obstáculo - que exigia alguma aptidão física para o salto e, à medida que o apuro se ia sofisticando, o elemento que fazia de plinto ia-se endireitando cada vez mais até ficar totalmente de pé, apenas com a cabeça vergada para a frente, fazendo-se o apoio das mãos, agora, não nas costas mas nos ombros...
Hoje, em dia, é raro verem-se jovens a jogar ou saltar ao eixo... o que não foi o caso destas duas orquídeas que, fartas de estarem imovelmente expostas para serem admiradas e fotografadas pelos visitantes do jardim, não se contiveram e toca de saltar ao eixo... foram apanhadas no momento certo!
(DO AUTOR - A SALTAR AO EIXO - ORQUÍDEAS DO "NATIONAL ORCHID GARDEN" EM SINGAPURA) |
7 comentários:
Brincar, que hoje em dia as crianças nem sabem o que isso é!
Elisabete de Albuquerque
Ainda bem que as orquídeas não esqueceram...
Abraço
Coisas da infância de todos nós...
Maria João Falcão
Não sei o que é melhor: texto ou foto. Só sei que o encanto transmitido é o mesmo! Obrigada pelo envio. Beijinhos, lola
Belas as flores e bela a evocação de um jogo que a juventude de hoje já nem reconhece... Muitos valores se têm perdido, até estes, que se revestiam de tanta simplicidade e que levavam a uma sã convivência...
Maria Luísa Silva
Que belo texto!
Maria de Lourdes Silva
Tudo bom ,o texto , a foto . Aqui em casa os miúdos ainda jogam não ao eixo porque são mt pequenos mas a macaca que pintei no chão , ao prego (troquei o prego por uns saquinhos de arroz ) e um jogo da gloria preenchem os tempos livres . Na verdade os "crescidos"devem investir nestas actividades e não ficar comodamente sentados a ver a criançada ligada ao jogos .
Ana Eduarda Abrantes Amaral
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