"Como uma pequena flor que recebeu uma chuva enorme
e se esforça por sustentar o oscilante cristal das gotas
na seda frágil, e preservar o perfume que aí dorme,
e vê passarem as leves borboletas livremente,
e ouve cantarem os pássaros acordados sem angústia,
e o sol claro do dia às claras estátuas beijando sente,
e espera que se desprenda o excessivo, úmido orvalho
pousado, trémulo, e sabe que talvez o vento
a libertasse, porém a desprenderia do galho,
e nesse tremor e esperança aguarda o mistério transida
- assim repleto de acasos e todo coberto de lágrimas
há um coração nas lânguidas tardes que envolvem a vida".
Cecília Meireles - Pequena Flor
(DO AUTOR - PEQUENA FLOR) |
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