Aproveitaram o magnífico dia de sol, uma benesse rara nestes tempos de chuva e invernia, e foram dar o seu passeio... juntas, todas as das redondezas que, fazia tempo, não se encontravam...
E, em círculos espiralados, em voltas alimentadas pelo vento e pelo calor ascendentes, ali andavam numa conversa redonda, de comadres, de ninhos a reparar, de chuva que nunca mais pára, de campos verdes, de abundância provável de alimentos, de ovos a cuidar, de crias a nascer mais tarde...
Pairaram, por ali, longos minutos.
E quase num mesmo instante, como num adeus síncrono e silencioso, desfizeram o círculo e foram, cada uma, ter com os seus parceiros que guardavam, no ninho, os ovos da sua criação.
Depois daquele silêncio redondo, feito de voltas mudas, quase sem bateres de asas, foi o matraquear de conversas e bateres de asas explicativos, já nos seus ninhos, de cada uma a contar ao seu parceiro as conversas que tinham tido naquele circular passeio de comadres...
(DO AUTOR - CEGONHAS AOS BANDOS, NO CÉU DO ALENTEJO) |
2 comentários:
Conversas de comadres...perfeita a comparação...
Ana Hertz
Havia tantas cegonhas ao chegar à estação de Portalegre... Lindas elas e os ninhos! Deviam viajar também de comboio, por vezes...
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