Nos muitos caminhos da Serra, quase abandonada, as silvas vão cobrindo os muros velhos, em ruínas, formando sebes intransponíveis, entrelaçando os ramos cobertos de espinhos afiados, agressivos e tecendo rendas que guardam, no interior da sua malha, defendidos, cachos de amoras negras e cor de rubi.
Ferem-se as mãos, picam-se os dedos, risca-se a pele... mas vale a pena a mão cheia daqueles frutos delicados e aromáticos!
E, ao deixarem-se derreter na boca, lentamente, uma a uma, vão libertando densos sabores que lembram a marmelada, as compotas e os doces, o lume da lareira, o chiar da panela de ferro, as castanhas assadas, a jeropiga e a água pé dos outonos que começam a chegar trazendo os frios, tornando os dias mais curtos, antecipando o anoitecer, pedindo mantas e a envolvência de uma música, mansa e morna, que nos deixe, suavemente, adormecer...
Ferem-se as mãos, picam-se os dedos, risca-se a pele... mas vale a pena a mão cheia daqueles frutos delicados e aromáticos!
E, ao deixarem-se derreter na boca, lentamente, uma a uma, vão libertando densos sabores que lembram a marmelada, as compotas e os doces, o lume da lareira, o chiar da panela de ferro, as castanhas assadas, a jeropiga e a água pé dos outonos que começam a chegar trazendo os frios, tornando os dias mais curtos, antecipando o anoitecer, pedindo mantas e a envolvência de uma música, mansa e morna, que nos deixe, suavemente, adormecer...
(DO AUTOR - AS AMORAS DE SÃO BENTO PRISIONEIRAS DAS SILVAS AGRESSIVAS) |
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5 comentários:
Muito obrigado por tudo aquilo que contribuís para dar prazer aos nossos días com textos desta sensibilidade e beleza
Por incrível que pareça ainda hj sonhei com amoras.... :D
Beatriz André
Lindo! Obrigada pelo envio. Beijinhos, lola
E que belas amoras temos na nossa região.
Ainda há pouco tempo apanhei umas que estavam uma delícia e fizeram uma compota que nem deu para aquecer, eheh.
Beijinhos
Bem me lembro dessas amoras, pelas azinhagas da Serra, tantas vezes com o meu pai... Tinham um gosto especial
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