"... Tiquelití, tiquelité, quantos dedos estão em pé?"
Era assim que começava a lenga-lenga.
Sempre que a Laurita Casanova Alves, uma amiga da família, lá ia a casa, e em particular se um de nós, miúdos, estava doente, acamado, ela não perdia tempo: sentava-se à beira da cama, mandava-nos virar de bruços e, tamborilando os dedos da mão direita nas nossas costas, começava a lenga-lenga que era, ao mesmo tempo, uma adivinha:
Sempre que a Laurita Casanova Alves, uma amiga da família, lá ia a casa, e em particular se um de nós, miúdos, estava doente, acamado, ela não perdia tempo: sentava-se à beira da cama, mandava-nos virar de bruços e, tamborilando os dedos da mão direita nas nossas costas, começava a lenga-lenga que era, ao mesmo tempo, uma adivinha:
"Tiquelití, tiquelité quantos dedos estão em pé?"
Nesse momento parava o tamborilar, levantava os dedos que entendia e nós respondíamos ao calhar... "três"!
E ela respondia: "Se dissesses quatro não perdias nem ganhavas, tiquelití, tiquelité, quantos dedos estão em pé?"
E, fôssemos dizendo o número que disséssemos, ela respondia, invariavelmente, com outro número, mantendo o mesmo tipo de resposta: "Se dissesses dois (ou um, ou cinco, ou o que calhasse) não perdias nem ganhavas, tiquelití, tiquelité, quantos dedos estão em pé?"
Quando ela entendia que era altura de terminar, lá fazia acertar o número dela com o nosso número e acabava a brincadeira, mas a sua voz, bem timbrada, continuava a ecoar nos nossos ouvidos...
"Tiquelití, tiquelité..."
"Tiquelití, tiquelité..."
(Dedos, escultura em acrílico (?) - autoria de Pietrina - Rio de Janeiro) |
Foram estes dedos da Pietrina que trouxeram à memória estas recordações de infância...
"Se dissesses cinco não perdias nem ganhavas, tiquelití, tiquelité, quantos dedos estão em pé?"
Será que acertei?
Será que acertei?
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1 comentário:
E a beleza escultórica de Pietrina completa com prazer visual esta deliciosa leitura! Beijinhos, lola
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