Acordou cedo como, aliás, era o seu costume.
Nesta história do deitar e do erguer apenas cumpria com uma parte do ditado: "Deitar cedo e cedo erguer... " porque, habitualmente, deitava-se tarde mas, quanto ao erguer cumpria-o na risca. E, como não era muito alto, e os ditados habitualmente são certos no que contêm - "... dá saúde e faz crescer", se não cresceu muito tinha, pelo contrário, muita saúde. Pelo menos não tinha dores, não se queixava de nada e nem comprimidos tomava.
Naquele dia, talvez por dormir em cama estranha, num lugar que não era habitualmente o seu, a verdade é que acordou ainda mais cedo e, sem ter nada que fazer, estar farto daquela cama macia de mais e daqueles almofadões que lhe faziam dor no pescoço, resolveu levantar-se e aproveitar o fresco da manhã para ir dar uma volta a pé.
A manhã estava ainda fria, o dia ainda não tinha acordado o suficiente para que o sol o iluminasse e aquecesse como conviria, mas deu para apreciar o despertar da natureza, o murmurejar das águas da ribeira, o acordar das aves, o latir dos cães das quintas, o badalar dos pequenos rebanhos de ovelhas e de cabras que, cedo na manhã, ia partindo, sozinhos, à procura de pastos ali por perto, o sacudir dos ramos das árvores ajudadas pelo vento de sudoeste a libertarem-se das gotas do orvalho da noite...
À medida que ia percorrendo os caminhos da serra, com o capote vestido e apoiado num cajado, como se fora um caminhante, ou um romeiro no seu percurso à procura da fé, ia-se deixando envolver em pensamentos, em imaginares, construindo castelos de sonhos, abstraindo-se do ambiente.
E, só quando as irregularidades do terreno ou as pedras do caminho o faziam, quase, tropeçar é que acordava para a realidade do momento e lá voltava, de novo, ao murmurejo das águas, ao embalo dos badalos, aos agudos dos chilreios, ao rouco dos latires, ao pingar dos orvalhos...
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A manhã estava ainda fria, o dia ainda não tinha acordado o suficiente para que o sol o iluminasse e aquecesse como conviria, mas deu para apreciar o despertar da natureza, o murmurejar das águas da ribeira, o acordar das aves, o latir dos cães das quintas, o badalar dos pequenos rebanhos de ovelhas e de cabras que, cedo na manhã, ia partindo, sozinhos, à procura de pastos ali por perto, o sacudir dos ramos das árvores ajudadas pelo vento de sudoeste a libertarem-se das gotas do orvalho da noite...
(do autor - a ribeira de Nisa, em São Bento) |
À medida que ia percorrendo os caminhos da serra, com o capote vestido e apoiado num cajado, como se fora um caminhante, ou um romeiro no seu percurso à procura da fé, ia-se deixando envolver em pensamentos, em imaginares, construindo castelos de sonhos, abstraindo-se do ambiente.
E, só quando as irregularidades do terreno ou as pedras do caminho o faziam, quase, tropeçar é que acordava para a realidade do momento e lá voltava, de novo, ao murmurejo das águas, ao embalo dos badalos, aos agudos dos chilreios, ao rouco dos latires, ao pingar dos orvalhos...
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3 comentários:
Gostei da nova imagem primaveril.
Um belo texto, acompanhado por tão bela imagem.
Tenho que me perder mais vezes por São Bento, eheh.
Beijinhos
Também eu gostei!
Linda a fotografia da ribeira de Nisa! É tão bonita toda essa zona...
Bom Abril!
Bucolismo quase puro. Faz bem à alma!
Beijos
Berta
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