sexta-feira, 6 de maio de 2011

O PASSEIO

Há muito tempo que não saíam com ele.

Sempre tiveram uma paixão pelo carro: a cor dourada, a pose, o tamanho, a originalidade, a tecnologia...

(Citroën DS20 - 1972)


E foi hoje o dia.

Foram à garagem, ele ligou os cabos da bateria e ela passou a flanela nos vidros e na carroçaria para tirar o pouco pó que tinha. Ele abriu-lhe a porta para que ela pudesse entrar. Ele entrou pela outra porta, sentou-se e deu meia volta à chave de ignição; após algumas hesitações, o motor lá pegou. 

Ainda frio o motor soluçou duas ou três vezes, ele acelerou, deixou que a suspensão subisse o carro para a posição certa; sim porque a suspensão subia e descia, de acordo com a posição de uma alavanca, e partiram.

Sem um rumo certo!

Ao Castelo? Disseram os dois ao mesmo tempo!

Era para onde ela ia sempre que ficava sozinha, quando ele tinha de ir para fora por motivos profissionais. Ia lá tomar a bica, comer uma trouxa de ovos e ali ficava, uma hora? duas? a olhar o fim do horizonte, a ver o castelo ali à sua frente,  a sentir-se princesa prisioneira de uma vida que não queria, à espera do seu cavaleiro romântico, do seu amado, do seu amor...

Depois, voltava para a casa, para a realidade do dia a dia...

Mas hoje não, foi diferente, tomaram o café juntos, partilharam a trouxa de ovos e foram a pé até ao Castelo. E ele não teve mais que sair para fora sem ela, ela não teve mais que se imaginar princesa prisioneira...

E passaram o dia, o fim de semana, a semana, sempre, juntos, a prometerem passeios, a prometerem, finalmente, a vida um ao outro...

2 comentários:

Anónimo disse...

...chorei...mas eu choro muito...

Maria Paz disse...

Num carro destes tudo pode acontecer. O boca de sapo!