sábado, 28 de maio de 2011

EQUILÍBRIO

Manteve-se ali, tempos infindos, na beira do muro de pedra, virada ao vento forte naquela tarde de temporal. Mesmo na beira, para que se pudesse manter equilibrada através de flexões das pernas, quase imperceptíveis, que ia fazendo constantemente.

E ali ficou, quieta, a deixar-se fotografar, para que o perfil fosse o mais adequado e a ficar bem no enquadramento.

(Junto ao mar - Maio de 2011)
Lembrou-lhe um primeiro-ministro, a equilibrar-se constantemente, a pôr-se em bicos dos pés, a criar ilusões, a imaginar poses, a tentar escolher o melhor lado, para ficar bem na fotografia.

Sabe o risco que corre ao estar à beira daquele muro alto, quase à beira dum precipício, e sabe que, à menor rajada de vento, ao menor nada, cai do poleiro, e a queda vai ser de costas e estrondosa...

Por isso se tenta manter em equilíbrios impossíveis, mas a saber que a queda é inevitável.

A gaivota, essa, sabe que se o vento aumentar, lhe basta abrir as asas e partir num voo seguro e tranquilo, a observar, do alto, os trambolhões dos homens...

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostei! Muito bem. Abraço
Filipe

Anónimo disse...

Embora não simpatize com gaivotas, acho indecente ofender o animal comparando-o com o tal primeiro minisro. Ex (porque Deus é grande!!)

Beijos