quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O CHEQUE

Demorou a pagar, foi preciso muita insistência, mas pagou. Uma nota pesada!

Veio sob a forma de cheque, um cheque  cinzento, com as letras do nome do banco, no cimo, bem vermelhas e gordas. Mas o que interessava, mesmo, era a importância, o que estava manuscrito com letras pretas, o numerário, o valor inscrito, aquele dinheiro que estava à espera fazia tempo.

Agora podia satisfazer os desejos de realização da viagem há tanto sonhada, podia avançar nas prestações do carro e, ainda, pôr algum dinheiro a render.

Até parecia um sonho... nunca pensara que isto ia acontecer, com tanta burla, trafulhice e desonestidade por aí, receber este cheque estava fora das suas esperanças. Claro que, no fundo, sempre imaginara um dia vir a receber o dinheiro mas, quando caía na real, essa ideia desvanecia-se  e tudo voltava ao mesmo, à mesma certeza de que nunca mais ia ver aquele dinheiro.

Mas, desta vez, enganou-se. Tratou logo de assinar o cheque, de colocar o número da conta, e preparar-se para ir depositá-lo no banco, sem perdas de tempo. Quanto mais cedo o fizesse mais cedo teria o dinheiro disponível.

Para que não o perdesse resolveu ficar como cheque na mão, bem preso, bem agarrado. Só o largou quando o despertador tocou e abriu a mão para parar aquele som maldito, aquele som que o acordou... de um sonho ricamente maravilhoso!

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