domingo, 9 de janeiro de 2011

A GARÇA

O dia amanheceu como tem sido costume: a chover, ventoso e frio... de perfeito inverno.

Abriu a janela do quarto para deixar entrar um pouco mais de luz e do fresco daquela manhã. Foi nessa altura que a viu. Ali à beira do tanque, aquele tanque grande onde os seus peixes, que lá colocara há uns anos, foram crescendo e originando gerações de peixes que foi distribuindo por outros tanques.

Mesmo à beira do tanque grande, a olhar fixamente para aquela água tranquila, ela, como uma estátua que, num repente, num ápice, mergulha o bico comprido naquela água parada e, ao voltar, traz um peixe, bem gordo e vermelho... um a menos dos poucos que ainda restam.

Satisfeita a gula, lá vai, no seu voo pausado e tranquilo até voltar a ter fome ou a haver peixes no tanque.

O gato não tem potencial para aquela ave enorme e nem se aproxima. Ele, que não perdoa um pássaro, prefere não competir com aves daquele porte.

Sabe que, quando não houver mais peixes, vai deixar de ter a visita daquela ave elegante mas devastadora... que, tão bem, ilustra o dilema do bem e do mal, do belo e do feio...

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