Não é uma visita bem-vinda!
Sempre que vem por aqueles sítios é porque anda com fome e vem à procura dos peixes e das rãs do tanque.
Chegou no seu vôo, silencioso e tranquilo, quase a não deixar que se desse pelo seu chegar... Poisou no cimo do telhado da casa vizinha, apoiando-se apenas numa das patas, e foi observando, devagar, o que se passava à sua volta. Deixou-se ficar imóvel virando, apenas e lentamente, a cabeça e o bico, como se fora um catavento a rodar ao vento, a ver se podia avançar para a beira da água.
Quando sentiu que tudo estava, de novo, tranquilo e esquecido da sua chegada abriu as asas e, sem as bater, num salto planado, foi para junto da água e ali ficou, de novo quieta, à espera que as rãs começassem a aparecer à superfície e subissem para as folhas do nenúfar e os peixes se tornassem mais visíveis naquela água verde escura que os protege.
A espera foi longa e atenta, a imobilidade é crucial, a pontaria tem que ser certeira, mas nem sempre eficaz, felizmente para os peixes e para as rãs...
Só que alguém também estava atento, e deixou que tudo quase acontecesse até que, no fim da tal espera quase sem fim ela, que num relance enfiou o bico na água e trouxe um peixe vermelho a debater-se furiosamente, ouviu o bater das palmas.
Foi o instante precioso que assustou a garça, lhe fez abrir o bico e libertar o pobre do peixe, ao mesmo tempo que, num bater de asas apressado levantou vôo para outras paragens!
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