Quantas vezes aquela janela se abriu?
Quantas vezes deixou entrar, através dela, a luz forte do dia?
Quantas vezes ela se debruçou a ver o que, para fora daquela moldura de pedra, acontecia?
Quantas vezes trocou palavras, deu os bons-dias e as boas-tardes, com os passantes e com as vizinhas?
Quantas vezes lhe colocou, no parapeito de granito, vasos cheios de florinhas?
Quantas vezes se pôs a sonhar com o dia em que um príncipe encantado lhe aparececia, montado num corcel branco e envolto num manto de fantasia?
Quantas vezes fechou a aquela janela, seja porque chovia ou porque, simplesmente, o dia escurecia?
Quantas a abriu porque, precisamente, anoitecia e, lá do longe, a lua e as estrelas lhe vinham fazer companhia?
E quantas vezes, ao amanhecer, ao acordar do dia, ela vinha abrir a janela para escutar o canto da cotovia?
Agora está fechada... Faz tempo que não se abre mais, nem à luz suave daquele dia, nem para escutar o anunciador canto da cotovia...!
(DO AUTOR - JANELA EM MARVÃO) |
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