Não interessa o nome, nem o partido. Interessa, isso sim, saber que é uma deputada da nossa Assembleia da República, uma representante eleita pelas listas do partido em que está filiada.
Provavelmente iria passar incógnita durante o tempo da legislatura, tal como acontece à grande maioria dos nossos deputados, não eleitos pessoalmente, mas porque estão integrados nas listas dos partidos políticos. E esta deputada, incógnita, foi eleita pelo círculo do Porto e vive em Lousada.
Mas saiu notícia de jornal, de rádio e de televisão... De um momento para o outro, tornou-se conhecida, não por qualquer glória (não é Glória?), não pelas melhores razões, não porque tivesse realizado uma tarefa que engrandecesse o país que representa, não porque tivesse feito um discurso político que enaltecesse a democracia e a república, não porque tivesse tomado alguma atitude de altruísmo, de boa vontade, de solidariedade, de defesa do bem comum...
De útil, que se saiba que tenha feito foi o ter participado em acções sobre segurança na estrada, como a Comissão Interparlamentar da Segurança Rodoviária (em 2008, já lá vão 5 anos) e um Encontro com empresários em Lousada, onde reside, para debater a Estratégia Nacional para a Segurança Rodoviária (em 2009). Além destas duas acções meritórias, que devem ser o suficiente para lhe assegurarem uma reforma breve, a dita senhora (e deputada) faz parte da Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação, é suplente na Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas e na Comissão de Defesa Nacional. A nível do seu partido integra a comissão nacional.
Ou seja, uma pessoa, afinal importante, que deveria ser responsável e dar o exemplo, não só por ser deputada da república, mas por estar integrada numa série de coisas ligadas à Segurança Rodoviária, à Ética, à Cidadania e à Comunicação, para além de outros de somenos...
Acontece que a deputada, ligada à Segurança Rodoviária e à Ética, no dia em que completou os seus 37 aninhos, depois de uma noite de libações vaporosas de muito álcool (só?) meteu-se (conscientemente? ou de tal modo inconsciente pela bebedeira?) no carro e foi detida numa operação STOP, no centro de Lisboa, às 3h 20, por conduzir com excesso de álcool no sangue (2,4 gramas por litro). Chama-se a atenção dos mais distraídos ou desconhecedores que a partir da taxa de 1,2 gramas por litro a infracção é qualificada como crime.
Parece que esta deputada, considerada criminosa porque praticou um crime, lá teve o seu momento de Glória!
E agora? Vai presa? Vai cumprir serviço comunitário? Vai ficar sem carta? Vai frequentar algum tratamento de desintoxicação alcoólica?
Melhor! Vai pedir a sua exoneração como deputada da nação? Ou vai, vergonhosamente, continuar a sua legislatura como deputada (a Assembleia da República aceita criminosos nas suas bancadas?) e a representar-nos nas Comissões de Ética e Cidadania e a legislar sobre a Segurança Rodoviária?
Neste país em que tudo é possível... tudo se faz... tudo se aceita... tudo é legal... pelo menos para alguns... para os políticos, para os ricos, para as troicas portuguesas (da maçonaria, da opus dei, da política, da finança, do compadrio, da corrupção, dos amigos...).
Vamos continuar a aceitar e a pagar para tudo isto?!