domingo, 17 de julho de 2011

CÉU ESTRELADO

Olhou o céu na noite escura. Estava mesmo negro, um céu sem lua, que estava escondida na sua fase de renovação, e lhe permitia ver melhor as estrelas no seu esplendor, no seu recorte feito de bicos e de pontas.

Um céu verdadeiramente estrelado!

E as estrelas, tão nítidas, tão delicadamente recortadas, tão perto de si.

Vieram-lhe à lembrança momentos bons, momentos de êxtase, de entrega, aqueles, únicos, em que se dá a flutuar no ar, em que sobe até às nuvens fofas de algodão, em que alcança as estrelas e se sente picada pelos seus bicos, pelos seus picos, pelas suas pontas... Uma espécie de comichão doce, deliciosamente boa.

Seria bom se pudesse pegar numa porção delas, para as ter à sua disposição, para poder usá-las sempre que o desejo voltasse, sempre que a vontade pedisse.

E imaginou-se a  colher uma mão cheia daquelas estrelas e a depositá-las, com extremo cuidado, na taça de cristal, cheia de água,  que tinha diante de si.

Fez o gesto de imaginar, colheu nas suas mãos os cristais cintilantes daquele céu escuro e, em seguida, mergulhou as mãos cheias naquela água pura. 

Fechou os olhos e imaginou a taça, cheia de uma água escura como estava a noite, a resplandecer de estrelas cheias de luz.

Ao abrir os olhos deu-se conta que a magia aconteceu:


(Porto Pim - Horta - 8/7/2011)





3 comentários:

Anónimo disse...

Ofereça-me uma mão cheia de estrelas! Fazem-me falta na escuridão do meu quotidiano...
Beijos
Berta

Maria Helena Cruz disse...

Quanta magia o Universo nos dá quando não andamos de costas viradas para ele, é verdade. Lindo, adorei.
Foi inspirado no meu lindo torrão Açoriano, Mas podia ter sido noutro lugar qualquer, pois a magia está destro de nós.
O necessário é não a matar e deixá-la fluir livremente

Maria Paz disse...

Fantástico, o texto e a fotografia.