segunda-feira, 18 de abril de 2011

O CAIS

Já fora de grande utilidade. Num tempo em que a travessia para o outro lado se fazia apenas de barco, num tempo em que a pesca artesanal garantia o sustento do povo ribeirinho.

Tempos em que os barcos de transporte, auxiliados por um motor fumegante, ruidoso e pouco eficiente, seguiam na sua lentidão, quase sempre cheios de gente, na ida para os mercados, para as escolas, para os negócios, ou ainda só para passeio. Eram de meia em meia hora, todos pintados de azul. 

Com a ponte a ligar as duas margens, com as carreiras de autocarros, com a democratização do transporte individual foram perdendo a importância até que pararam definitivamente.

Também tempos em que quase cada um saía ao fim da tarde, ou cedo pela manhã, no seu pequeno barco de pesca e ia lançar as redes no meio da baía voltando de madrugada ou ao cair da noite com o peixe que garantia o alimento e o sustento económico da família.

Também, os sistemas de mercado da compra e venda de peixe, as lotas, as modernices, obrigaram ao abandono desta arte.

Parecia que ia ficar sem utilidade. Mas não. Ali continua, arranjado, de guardas pintadas de um amarelo vivo, com bancos novos e chão cimentado.

Esteve uns tempos ao abandono, até se falou em demolição, mas não!

Alguém pensou que é melhor conservar que destruir, que é melhor utilizar que deixar morrer...


(Ribeirinha - Salvador . Bahia - 2007)
E ali está, orgulhoso e jovem, a permitir o passeio dos namorados, o saltos dos miúdos para a água, a pesca à linha e ainda a servir de cais de embarque e desembarque para um passeio por aquela baía que se estende à sua frente, a perder-se de vista.

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