quinta-feira, 10 de março de 2011

CUSTA...

Entrou a coxear, doíam-lhe as costas, dizia, uma dor que a incomodava mesmo. Tinha dificuldade em andar, por isso a filha a acompanhava, para a amparar, para lhe carregar os exames que foi fazendo ao longo dos meses, mais o saco dos remédios que, entretanto, andava a tomar.

Sentou-se com dificuldade, aquela dor, um gemido mais sentido, uma lamúria, quase uma lágrima dorida.

Pois, para aqui estou, uma velha sem sentido de vida, com dores, com tremores, com cansaço, com falta de ar, o coração que me trai de vez em quando e a cabeça a esquecer-se...

Sabe, isto de se ser velho custa, assim, com estes males todos; a gente a ver a vida a ir-se embora, e o problema é que demora a esgotar-se; ao menos podia ser rápido, sem estas dores, sem este sofrer exagerado.

Sei que não há solução. É a vida, ou o fim dela, mas posso-lhe dizer uma coisa: este viver custa...

1 comentário:

Anónimo disse...

Por vezes, acho que a vida ainda custa mais do que a Morte.