terça-feira, 4 de maio de 2010

ATOMIUM

Foi inaugurado em 1958, aquando da Expo Mundial de Bruxelas.

A primeira vez que o vi, e lhe passei muito perto, foi em 1976. Nessa altura vivia em Paris, onde estava a fazer um estágio em Pneumologia e Fisiologia da Respiração.

Foi no primeiro fim-de-semana em que me desloquei a Colónia, a visitar um primo que trabalhava na Radio Deutsch Welle. Como ia de carro, aproveitava todos os trajectos de auto-estrada e, obrigatoriamente, passava em Bruxelas, mesmo ao lado do dito Atomium.

Foram tempos bons, de boa camaradagem, de novas e diferentes amizades. Foi a altura da minha vida em que contactei com outras culturas, com pessoas doutros continentes e que deixaram reconhecimentos que ainda hoje perduram e que justificam, passados quase 40 anos, entre outras, as minhas vindas frequentes e regulares a Bruxelas.

Nessa altura, anos de 1976 e 1977, logo a seguir ao nosso 25 de Abril, sob o ponto de vista social, vivia-se uma época bastante conturbada, ainda com os resquícios do Maio de 68, em Paris, e em pleno apogeu do grupo Baader-Meinhof, um grupo de acção terrorista urbana, responsável por grande número de assassínios, principalmente na Alemanha.

Ao mesmo tempo, foi um período rico em termos de descobertas científicas principalmente nas ligadas à minha área da respiração. Foi uma altura em que tive a oportunidade de conviver e trabalhar directamente com cientistas famosos que vinham fazer os seus anos sabáticos a Paris, na época uma das cidades mais importantes no ramo das ciências médicas. Fazia-se muita ciência experimental.

Mas, dizia eu, que me deparei com o Atomium nessa primeira viagem que fiz de Paris para Colónia. Um monumento ao átomo, à ciência, à energia nuclear e atómica, tão em voga na altura. O Atomium representa a estrutura de um átomo de ferro e que, por ironia, foi todo construído em alumínio, por uma questão de peso, suponho eu. Foi feito para durar pouco tempo, uns 6 meses após o fim da Expo e depois seria desmantelado. Quis o destino que assim não fosse. E por lá perdura. Em 2004, foi todo renovado e o alumínio foi vendido, como recordação turística, em pequenos pedaços. A sua venda ajudou a pagar as folhas de aço que foram utilizadas na sua substituição.

Portanto, o Atomium que hoje olho da janela do meu Hotel já não é o mesmo que via quando lhe passava, quase por debaixo, no meu Citroën GS. Mas lá continua bonito, brilhante, e a ser um dos monumentos mais visitados em todo o mundo, a imagem de marca de Bruxelas, tal como a Torre Eiffel é a de Paris.
Uma curiosidade mesmo à belga. O monumento que estava para ser construído para comemorar a Expo não era o Atomium, mas, antes, uma réplica da Torre Eiffel, mas virada de pernas para o ar. Algum complexo "belgo"-francês? Será por isso que os franceses e os belgas têm entre si um certo ódio de estimação? E por isso, também, que os franceses gostam muito de contar piadas e anedotas sobre belgas?


A verdade é que Bruxelas continua a ser uma cidade cuidada, com belos edifícios e monumentos, com as ruas limpas, as praças arranjadas e, agora, cheias de flores, com o seu Mannekenn Piss quase diariamente a mudar de roupa, sem problemas de próstata, pois o jacto continua forte e consistente e a  Jeanneke pis, no Impasse de la Fidélité, a eternizar a sua posição de cócoras, sem uma queixa ou um mudar de posição. Ali ao lado, na rue des Bouchers, as "Moules avec frites" continuam a saciar os apetites mais gulosos e a cerveja, essa, escorre pelas gargantas sequiosas de toda a gente.

Dos chocolates nem vale a pena falar, são óptimos, mas engordam imenso!



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