E SE EU FIZESSE UMA QUADRA?
E se fizesse uma quadra que não rimasse, que não obedecesse às regras e ao ritmo da poesia?
Se escrevesse sem nexo e me deixasse ir nas ondas deste mar imaginário, que percorre o meu espírito, no amanhecer deste dia?
Se cantasse loas à Lua, louvores ao Sol, à luz e salmos que nos enchessem de alegria?
Se, hoje, as notícias, contassem só coisas boas, bonitas, cheias de cor, musicais, como se fora uma sinfonia?
Se os jornais não enchessem as páginas de guerras, desastres, atropelos, fraudes, abusos e de xenofobia?
Se as rádios não falassem de horrores, tristezas, pobreza, greves, doenças ou qualquer tipo de pandemia?
Se as televisões não mostrassem imagens chocantes de feridos, mortos, inundações, sismos e cenas de tiros e pancadaria?
Que bom seria se vivêssemos em paz, em tolerância, em equidade de oportunidades, em plena harmonia!
Mas não! O querer viver assim, neste mundo cruel, frio, neste mundo cão, sem paz nem justiça, não passa de pura utopia.
Ao menos que as palavras, mesmo ditas em prosa, sejam lidas como se fossem os versos de uma poesia!
Raul de Amaral Marques
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