A praça estava toda engalanada; havia muitos balões, muita cor, muita alegria, música a encher todos os espaços, bailes, marchas, fantasias e animação.
Durou dois dias, sempre dois dias, mas dois dias bem vividos, festejados, dançados, brindados, bem comidos e bem regados.
Começam os festejos com os bombos e tambores, logo às sete horas da manhã, ensurdecedores no ruído, a acordar o sono mais pesado, a estremecer janelas, paredes e móveis, a fazer tilintar os copos nas prateleiras; são sempre 15 minutos assim. A chamar todos! Só depois do tocar dos bombos é que entra o pessoal para decorar a praça vazia: com os festões, os balões, o palco improvisado, as esplanadas com as mesas e as cadeiras, as bancas para as mostras e vendas do artesanato. As luzes e a instalação sonora, essas são colocadas de véspera, uma tarefa mais demorada, com mais exigência técnica, a pedir mais tempo do que as duas horas precisas para se montar o restante.
É que as festas aqui têm regras e horários: o acordar com os bombos às sete, quinze minutos de rufos e bombos à volta da praça, como se fora uma procissão, e só depois é permitida a entrada do pessoal para a montagem de tudo, em duas horas, não mais!
Às 9h 30 minutos é a abertura oficial, com o alcaide a presidir, numa cerimónia de pompa grotesca, pelo vestuário, pelo aparato, com foguetes a estalar no ar, com o discurso da praxe, sempre inflamado, sempre apelativo e a largada de pombos. Depois dá-se a partida para a corrida da légua, pelas ruas ali à volta, dentro dos limites daquele bairro, e chegada junto à porta norte da praça.
Praça que se vai enchendo de pessoas, de música, de canções, de artistas que mostram habilidades e reúnem à sua volta alguns curiosos, de vendedores que exibem e anunciam os seus produtos, de um encher de sons diferentes, de vozes, de gritarias, tudo misturado, tudo confuso.
Praça que se vai enchendo de pessoas, de música, de canções, de artistas que mostram habilidades e reúnem à sua volta alguns curiosos, de vendedores que exibem e anunciam os seus produtos, de um encher de sons diferentes, de vozes, de gritarias, tudo misturado, tudo confuso.
À tarde são os ranchos, as bandas, as palhaçadas, os bailes, as peças de teatro, os grupos corais, os contadores de histórias...
Servem-se refeições a toda a hora, bebe-se em qualquer momento, as esplanadas sempre cheias, as cadeiras ocupadas, o cheiro a frango assado, a febras, e o fumo dos assadores a misturar-se com o dos cigarros e o dos charutos.
Pela noite dentro a animação dos bailes, das orquestras, do chá-chá-chá, dos boleros, dos tangos, das marchas populares, das kizombas... mais além uma cigana com castanholas ensaia um flamenco acompanhado com as palmas da assistência.
O fogo de artifício anuncia o fim do primeiro dia, a marcar a hora do silêncio até ao dia seguinte.
E de novo o barulho dos foguetes a acordar de mais um dia, a chamar o povo, para um quase repetir de tudo, desta vez sem corrida a pé, mas com jogos tradicionais na praça, com a subida do pau ensebado, com campeonatos de malha, o quebrar da bilha, as corridas de saco, o festival de ilusionismo, o concurso de pregões e as quadras ao desafio.
Até que tudo acaba no fim, diz-se.
Depois é o arrumar da festa, das mesas e cadeiras, o retirar das bancas, o desfazer do palco, o adeus aos balões e aos festões.
Finalmente os bombos e tambores a marcarem o termo a darem a volta à praça, de novo em procissão, mas agora em sentido inverso como a anunciar o fechar do ciclo que anualmente se repete.
(Bilbao - 2008) |
Desta vez, a chuva abundante, que apareceu no fim da festa, ajudou a lavar o chão e as paredes das casas deixando a praça limpa e lavada como se nada ali se passara.
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