'Lisboa'
Quando atravesso- vinda do sul - o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do meu nome nascesse
Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna
Em seu longo luzir de azul e rio
Em seu corpo amontoado de colinas -
Vejo-a melhor porque a digo
Tudo mostra melhor porque digo
Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência
Porque digo
Lisboa com o seu nome de ser e de não-ser
Com os seus meandros de espanto insónia e lata
E o seu secreto rebrilhar de coisa de teatro
Seu conivente sorrir de intriga e máscara
Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência
Digo o nome da cidade
- Digo para ver."
Sophia de Mello Breyner Andresen - Lisboa.
(DO AUTOR - LISBOA VISTA DO TEJO) |
2 comentários:
O Tejo e Lisboa!
Tanta coisa em comum, comigo e com Sophia!
Bj
LM
Bela foto... e belo poema da SMBA!
Bjs
Berta
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